12.05.22
Até ao próximo domingo, a Finlândia irá apresentar o pedido formal de adesão à NATO. Este fato constitui a maior derrota política de Vladimir Putin desde que assumiu o poder na Federação Russa. Já em 2014 com o golpe de estado na Ucrânia, o Kremlin sofreu uma derrota política ao perder o controle que exercia sobre o país vizinho na sequência do afastamento de Yanukovytch o presidente ucraniano pró-russo.
Com a adesão da Finlândia à NATO, a Federação Russa perde 1.300 quilómetros de fronteira neutra e ganha os mesmos quilómetros em fronteira inimiga. Em termos de geopolítica é um verdadeiro tiro no pé, e neste caso, um tiro de canhão.
Como se não bastasse, segue-se a Suécia, - a fronteira é marítima e vem alterar todo o equilibro militar no mar báltico. Em pouco mais de 2 meses, Putin conseguiu interromper 200 anos consecutivos de neutralidade de um país vizinho. Para quem alega que a proximidade da NATO constitui uma ameaça à segurança da Federação Russa, e usa este argumento, entre outros, para invadir a Ucrânia, - provou que tem tanto de estúpido com de arrogante. Mais um exemplo de que a arrogância é a arma daqueles que nada devem à inteligência.
Mesmo antes destas duas adesões se confirmarem oficialmente, já o Reino Unido assinou acordos de proteção militar tanto com a Finlândia como com a Suécia. Em caso de ataque russo, ambos estes países podem contar com a ajuda e proteção de um dos exércitos mais poderosos do mundo.
A cada dia que passa, Putin perde cada vez mais esta guerra, - na Ucrânia, fora da Ucrânia e até dentro do seu próprio país. O fim do regime mafioso, corrupto e criminoso do Kremlin, vai ser ainda mais devastador para a Federação Russa, do que foi a queda do regime soviético.
Em 1991 com a implosão da URSS, nasceu um novo estado, estado esse que manteve o estatuto de membro permanente do conselho de segurança da ONU, o que contraria a teoria de que a Rússia foi humilhada perante o fim da URSS. O que é fato, é que a guerra fria terminou com a queda do muro de Berlim e isso não resultou de nenhum conflito armado que tenha levado a uma derrota humilhante do povo russo. O regime soviético caiu porque estava podre, e se existem culpados para isso, são os próprios russos e os seus líderes.
A nova Rússia foi então recebida no concerto das nações e teve oportunidade para prosperar. Esta Rússia de Putin, foi rejeitada, isolada e condenada por todo o mundo ocidental que constitui o grande mercado mundial, o mesmo mercado com quem até há pouco mais de 2 meses a Rússia mantinha relações comerciais bilionárias. Até a falsa amiga chinesa, se aproveita do grande urso enfraquecido e vai sugando os seus recursos naturais a preço de saldo.
Todos os impérios caem. Este império que não é russo, é apenas putinista, vai caindo a cada dia que passa precipitando-se fatalmente para o abismo. É uma questão de tempo. Talvez esse tempo pudesse ser encurtado se o povo russo mostrasse a mesma coragem demonstrada pelo povo ucraniano quando em 2014 na praça Maidan, lutou até à morte pela sua autodeterminação, pela sua liberdade e pela sua dignidade.