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A Política somos nós

A Política somos nós

26.09.23

Outrora respeitado pela comunidade diplomática, Sergei Lavrov é hoje desprezado e desconsiderado pela mesma.

Se no passado foi um indivíduo e um diplomata moderado e de consensos, presentemente ocupa a posição daquele que foi voluntária uma involuntariamente arrastado pela máfia que constitui o Kremlin. 

Esbirro de um tribunal de uma figura só, Sergei Lavrov tem o desplante de em plena assembleia das ONU, envocar o direito internacional e o respeito pela carta da organização.

Ou é supinamente hipócrita, crente que o mundo o observa como pessoa de boa fé, ou é simplesmente um excelente ator numa maquiavélica encenação, onde protagoniza a figura do bandalho que para sobreviver, não está de forma alguma autorizado a errar sequer um vírgula do guião recebido - sob o risco de a mando do seu lider supremo, sofrer algum acidente em qualquer prédio onde as duas únicas vias para chegar ao solo, são uma simples janela aberta ou uma escada demasido inclinada.

Nas suas últimas declarações, afirma que o plano de paz ucraniano é totalmente irrealista. Plano este que se baseia em 3 pontos essenciais : desocupação por parte do exército russo do território ucraniano, reparações de guerra, e o julgamento dos responsáveis pelos crimes praticados durante a mesma.

No seu mundo russo, Sergei Lavrov, considera tudo isto como irrealista. Faz sentido. Na federação russa, o respeito pelo direito internacional é algo completamente irrealista.

A federação russa não se limitou a uma tentativa de depor um governo de um outro país e assim abrir caminho para a formação de mais um estado fantoche às suas ordens. A federação russa invadiu, assassinou, espoliou, e tomou posse de território alheio.

Para Sergei Lavrov esta é que é a realidade aceitável - quem se opuser a ela, não passa de um instigador da guerra e de um sabotador da paz mundial.

Resta saber se os apoiantes de Lavrov e companhia, particularmente em Portugal, receiam igualmente o cenário da simples janela aberta ou da escada demasiada inclinada, - que por estas bandas, moderadamente, constituiria apenas a expulsão do partido do Sr. Raimundo - ou se por outro lado, acreditam que o marxismo é uma doutrina em constante construção e melhoramento, mesmo que isso signifique apoiar um regime que nem sequer marxista é, e que não hesita em chacinar o seu vizinho que se atreveu a desejar uma realidade diferente daquela que lhe foi imposta durante anos.

 

11.09.23

No âmbito da realização da cimeira do G20 do próximo ano no Rio de Janeiro, e da possível presença de Vladimir putin, o presidente brasileiro afirmou: "Posso dizer que se eu for presidente do Brasil e ele vier ao Brasil, não há nenhuma razão para ele ser preso".

No dia seguinte, o mesmo Lula, afirma : "Não sei se a Justiça brasileira o vai prender. Isso quem decide é a Justiça, não é o Governo".

O presidente lula, revela uma tendência para confundir as competências dos órgãos de soberania brasileiros.

Num dia, afirma que enquanto ele for presidente ninguém prenderá Vladimir putin se este se deslocar ao Brasil. No dia seguinte vem dizer que afinal isso é um problema da justiça brasileira e não do seu governo.

Para quem tem aspirações a conduzir o seu pais a um lugar permanente do conselho de segurança da ONU, revela uma falta de credibilidade assinalável.

Num país onde a ordem só existe na faxa da sua bendeira, não é verdadeiramente surpreendente que o seu presidente seja incapaz de colocar ordem nos seus discursos.

Não sei quem o presidente brasileiro pretende baralhar, já que para o mundo inteiro é muito clara a posição do governo brasileiro no que diz respeito à questão ucraniana.

Para ele,  a guerra na Ucrânia tem fácil resolução. O governo ucraniano abre mão dos seus territórios ocupados, reconhece a soberania russa sobre eles e assim obtém aquela coisa maravilhosa chamada paz.

Perde no entanto, parte da sua soberania, parte das suas riquezas naturais, perde a sua dignidade como povo e fica naturalmente exposto a futuras investidas russas no território que lhe restar.

Para quem não tem vergonha na cara, como é o caso de Lula da Silva, estas são condições perfeitamente aceitáveis.

Lula da Silva facilmente se baralha mas dificilmente conseguirá baralhar os outros.

08.07.23

Depois de ter chegado ao poder, Vladimir Putin começou a pôr em prática o seu plano para tornar a Ucrânia um estado vassalo da Federação Russa. 

O sucesso que obteve na Bielorussia, não se repetiu na Ucrânia. Usando inúmeros e infundados argumentos, perante a resistência ucraniana, fez então aquilo que os seus antepassados se habituaram a fazer - quem resiste e se opõe à vontade russa tem que ser subjugado.

Em 2014 o processo de subjugação começou com a invasão e anexação da Crimeia, território soberano do estado ucraniano. Seguiram-se as intervenções armadas no Donbass ucraniano onde a estratégia foi a instigação ao conflito entre as comunidades residentes, as operações de sabotagem, o armamento de milícias e o recrutamento de mercenários. O objectivo era desestabilizar toda a região.

Na presença de diferentes opiniões e de desentendimentos entre a população russófona pró-russa e a restante população apoiante do governo de Kiev, a opção não foi o apaziguamento nem a procura de consensos. Em vez disso, a conspiração e a provocação foram o rastilho para inflamar o conflito.

Diante da resistência ucraniana, Vladimir Putin dá então o grande salto em frente e em 24 de Fevereiro de 2022 ordena a invasão em larga escala da Ucrânia.

Passados 500 dias, a Ucrânia e os ucranianos continuam a resistir.

Perante o respeito e admiração de alguns e a desilusão e até desespero de outros, a Ucrânia resiste.

Entre os desiludidos e os desesperados, encontram-se alguns comentadores políticos que mal disfarçam a sua simpatia pelo regime do Kremlin e certas patentes militares que destilam subserviência ao mesmo regime.

O último registo desta tendência foi mais uma intervenção do general Branco. Este senhor mostrou-se muito indignado com a aprovação americana para o fornecimento ao exército ucraniano de bombas de fragmentação.

Nas suas palavras, esta decisão constitui a abertura da caixa de pandora neste conflito.

O general anda muito distraído pois esta caixa já está aberta há muito tempo. Para além do facto de estas armas já terem sido utilizadas pelo exército russo em várias cidades ucranianas provocando milhares de vítimas civis, são factos igualmente comprovados que a sua utilização foi uma realidade nas guerras iniciadas pelos russos na Tchetchênia e particularmente pela devastação levada a cabo pelos mesmos russos na cidade de Aleppo na Síria.

Por essa altura poucos conheciam este general, não aparecia nas televisões - de guarda à dita caixa não estava com certeza - se o estivesse, talvez dezenas de milhares de civis sírios não tivessem sido chacinados.

Esta distração deste nosso general deve-se somente à trela ideológica que carrega, e que sem pudor ostenta livremente nas televisões. 

O desespero que atribuem aos ucranianos por estes pretenderem usar estas armas para conseguirem expulsar o invasor da sua terra, é na verdade atribuível àqueles que não suportam vislumbrar o cenário onde Putin e o seu gangue de assassinos saiam da Ucrânia completamente derrotados e sem um palmo de terra ucraniana.

22.03.23

A paz para a Ucrânia cabe na boca de muita gente.

Fica bem falar de paz - soa bem aos ouvidos. Falar de paz é coisa de gente de bem, e até de gente menos bem.

Enfim! Falar de paz é politicamente correto.
Pode-se mesmo afirmar que é muito fácil falar de paz – afinal de contas, são apenas três singelas letras.

O que se revela realmente difícil é encontrar as soluções certas para que a tão desejada paz seja alcançada e se torne duradoura.

Os líderes do Kremlin que na verdade são apenas um, já deixaram bem claro que estão disponíveis para iniciarem negociações de paz, - mas com a premissa das “novas realidades territoriais” – ou seja, para quem não tem o raciocínio enviesado, estas novas realidades correspondem aos territórios tomados pela força à Ucrânia - vulgo roubo de propriedade alheia.

É nesta base que os russos estão dispostos a sentarem-se à mesa das negociações, para vincular a dose de humilhação a impor ao povo ucraniano e ao mesmo tempo provar ao mundo inteiro que o direito internacional pode com toda a facilidade ser ignorado e desrespeitado.

Nalgumas bocas ocidentais onde a palavra paz abunda, - e cujos donos estão perfeitamente conscientes desta irredutibilidade russa, - parece não existir nenhuma palavra que contraponha esta evidência.

Ao que parece, acreditam que o caminho para a paz passa por aceitar a inevitabilidade de se reconhecerem os territórios ocupados como parte integrante da federação russa.

Como quem diz: Pronto! Fiquem lá com o Donbass e com a Crimeia e não se fala mais nisso. Mas o sr. Putin tem que assinar aqui um papelinho onde jura pela sua honra que NUNCA MAIS invade ninguém. (promessa semelhante algures na história…). Aqui em letras pequeninas, também ficará escrito que o exército ucraniano se resumirá a meia dúzia de gatos pingados, armados com espingardas que nem sequer disparam, - não vá o sr. ou outro qualquer que o seguirá, mudar de ideias.

Ou seja, estes arautos da paz, à falta de melhor solução, compram a paz para a Ucrânia com o produto de um roubo.

Alguns, chegam mesmo a se indignar com quem afirma que a federação russa tem que sair derrotada deste conflito.

Não entendem bem ou disfarçam mal, que uma vitória da federação russa significará, não só a legitimação de inúmeras violações do direito internacional, mas igualmente a abertura de um perigosíssimo precedente. Isto para já não falar na impunidade concedida aos crimes de guerra, às deportações e às inúmeras barbaridades cometidas pelo exército de Putin.

Enquanto filosofam com a palavra paz, desprezam a história, - concretamente com os fatos ocorridos durante e depois da ocupação da Crimeia.

A mesma paz fictícia que tentaram alcançar nessa altura, é em tudo semelhante à forma de paz que tão facilmente deixam agora sair da boca.

O resultado foi o que se viu. E o resultado de entregar de mão beijada outra parte da Ucrânia ao invasor e usurpador, é ainda mais fácil de adivinhar, do que quanto é fácil abrir a boca e falar em paz.

Esta paz das boas intenções, é no mínimo, fruto da incapacidade perante a complexidade e no máximo, o reflexo da imoralidade dos vendidos.

14.03.23

Durante o conflito a decorrer na Ucrânia, milhares de crianças ucranianas provenientes de instituições e de separações forçadas das suas famílias, foram transferidas para a federação russa ou para zonas do território ucraniano ocupado.

A federação russa enfrenta já há alguns anos graves problemas demográficos onde o envelhecimento da população representa um perigoso indicicio daquilo que será a sociedade russa nas próximas décadas.

Paralelamente a uma sociedades envelhecida, a Rússia enfrenta o êxodo de milhares de jovens para o estrangeiro, fugindo de um regime atrasado e repressor.

Depois de serem os prisioneiros russos a morrer no campo de batalha, serão os jovens russos a enfrentar o mesmo destino, sendo que o número destes já falecidos, contribui seriamente para o problema de demografia russa.

Este regime pernecioso do Kremlin, para além de tomar posse pela força de território de um estado soberano, de provocar centenas de milhares de vítimas, de destruir inúmeras infrastruras civis, de arrasar cidades inteiras, tem ainda a imoralidade de roubar aquilo que mais rico uma sociedade pode ter: as suas crianças.

Para os vergonhosos defensores deste regime, com certeza que estas são mentiras ocidentais, ou então, a serem verdade, constituem uma oportunidade única para estas crianças obterem um futuro promissor num país repleto de virtualidades. Serão até capazez de afirmar que estas crianças foram salvas pelo regime russo do demónio ocidental.

Para o cidadão normal, de bem e que lava a cabeça apenas por fora, este precioso saque de guerra, constitui um hediondo crime contra a humanidade.

Não existem acordos de paz do chinês, nem hesitações ocidentais que o possam encobrir e deixar sem castigo.

 

09.03.23

O pai está preso por ter uma posição crítica ao governo russo no que diz respeito à invasão e consequente guerra na Ucrânia.

A filha adolescente foi colocada num centro para menores e foi proibida de estabelecer qualquer contacto com o mundo exterior.

É este regime que é apoiado em Portugal pela carneirada do PCP e que na figura de alguns palermas que por este e por outros blogues, descarregam toda a sua presunção ao acharem que os outros engolem o seu discurso robótico,  onde pateticamente fingem a sua solidariedade com o povo ucraniano.

Este regime que amordaça as pessoas, tem que obrigatoriamente, e a qualquer custo, ser rejeitado pelas democracias ocidentais.

Não o queremos nas nossas sociedades, e devemos estar prontos para o combater sempre que os donos do mesmo o tentem impôr.

https://www.dn.pt/internacional/crianca-russa-proibida-de-contactos-com-o-exterior-apos-prisao-do-pai-15967232.html

12.11.22

Os rigores do inverno no hemisfério norte têm ao longo dos séculos sido decisivos no desfecho de muitas batalhas e de umas tantas guerras.

A grande Guerra do Norte, travada entre 1700 e 1721, colocou em confronto o império sueco e uma coligação composta pelo Czarado da Rússia, o Reino da Dinamarca e Noruega, e Saxónia-Polónia.

O início das hostilidades foi protagonizado por um ataque realizado pela coligação, tendo como resposta, uma forte contra-ofensiva sueca - o que não evitou a derrota final da Suécia com a consequente queda do seu império em 1721.

Em 1812 Napoleão, ao comando de um exército de 610.000 homens, invadiu a Rússia. Foi incapaz de alcançar o exército russo e já na direção de Moscovo, este, foi deixando no seu rasto a devastação total de aldeias e terrenos agrícolas queimado assim provisões e abrigo às forças napoleónicas.

Antes das primeiras neves, Napoleão abandonou a cidade de Moscovo, a qual tinha apenas alcançado e não conquistado, pois fê-lo sem qualquer tipo de oposição. Depois desta auto derrota, e no seu regresso a França, apenas 100.000 dos seus homens o acompanharam, tendo ainda milhares dos mesmos, morrido de frio, de fome e de exaustão.

Durante a segunda grande guerra, o inverno mais rigoroso foi o de 1941-1942. Foi precisamente no dia 22 de junho de 1941 que se deu início a “Operação Barbarossa”.

A Wehrmacht alemã invadia o território russo com o objetivo de conquistar as regiões ocidentais da União Soviética, e com isso levar a cabo o repovoamento destes territórios por alemães. Enquanto isso, os povos eslavos seriam usados como mão de obra escrava, assim como os recursos naturais seriam canalizados para o esforço de guerra nazi.

Na verdade, nos primeiros 5 meses da operação, cerca de 730.0000 homens, (quase 25% do total das tropas) foram perdidos.

Travados nos arredores de Moscovo, e derrotados na batalha de Stalingrade ,os exércitos alemães perderam definitivamente a campanha do Leste e com esse facto a maré da guerra virou de forma irreversível.

O que este Inverno vai trazer nesta guerra da Ucrânia é ainda uma incógnita, tal como o foi em conflitos passados. Embora de formas distintas, afeta tanto aquele que defende como aquele que ataca.

Dizem os generais que quem ganha as guerras são os soldados. Os equipamentos, a logística, as condições atmosféricas e as decisões dos altos comandos, são sem dúvida preponderantes, mas é o soldado que faz toda esta engrenagem funcionar e é ele o decisor do curso da guerra.

Nesta guerra, o soldado ucraniano já provou que apresenta indicies de preparação e motivação muito superiores ao soldado russo.

Este inverno vai afetar ambos os lados e terá como principal consequência o abrandar das operações no terreno. Apesar do facto de que a Rússia irá certamente intensificar os bombardeamentos às instalações civis, o inverno vai apenas atrasar a sua derrota.

Sem território conquistado e assegurado não se ganham guerras. Todo o território conquistado pela Rússia não foi devidamente assegurado, e como tal, boa parte do mesmo foi perdido. Não vai ser o inverno o responsável pela inversão desta tendência.

28.09.22

Novos refugiados estão a chegar à Europa Ocidental, e são às centenas de milhares.

Desta vez não são originários de países em guerra dentro das suas fronteiras; nem são de origem africana ou do Médio oriente; nem são muçulmanos. São brancos caucasianos, cristãos e, imagine-se: são europeus ocidentais na sua esmagadora maioria.

Não chegam em barcos sobrelotados atravessando o Mar mediterrânico; nem percorrem milhares de quilómetros a pé cruzando os territórios entre o Médio oriente e a Europa. Na verdade, esgotam os voos e causam filas de automóveis de dezenas de quilómetros.

São os refugiados de Putin. Fogem da Federação Russa. Fogem de uma guerra que não decorre na sua pátria, mas sim em pátria alheia.

O tão maléfico Ocidente é agora o seu refúgio. Ao que parece deixou de ser assim tão ameaçador. Os países da terrível NATO não os estão a receber com armas apontadas, no mínimo, vedarão a sua entrada.

Aquela maioria que apoiou e continua a apoiar Putin, (no último ato eleitoral realizado na Federação Russa, Vladimir Putin teve um resultado esmagadoramente favorável, mesmo considerando a falta de fiabilidade dos resultados eleitorais na Rússia), é agora confrontada com a mobilização militar.

A guerra que é apresentada pelos autómatos das televisões estatais russas como sendo uma operação militar especial, é agora uma verdadeira guerra e tem que ser encarada no campo de batalha.

Nunca saberemos quais aqueles que entre estas centenas de milhares que fogem, são ou não apoiantes do regime do Kremlin, e na verdade isso pouco importa. O que sabemos, é que na boa parte dos casos, quando a trampa nos bate à porta, o heroísmo, o nacionalismo e até algum romantismo são relegados para segundo plano.

Quando se deu a invasão do território ucraniano, foram apenas as mulheres e as crianças que fugiram do país Os homens, na sua maioria, ficaram para combater e defender a sua pátria. Ao invés disso, quando a Federação Russa tenta mobilizar forças para combater na Ucrânia, são famílias inteiras de russos que fogem do país. Até nisto Vladimir Putin continua a perder a guerra.

Ao que parece, entre os russos, escasseiam os heróis e os nacionalistas que estariam prontos para “desnazificar” a Ucrânia, libertar os irmãos do Donbass ou até mesmo para contribuir para o alargamento do já tão vasto território russo.

Com a possibilidade de ucranianos residentes nas zonas ocupadas serem mobilizados para combaterem ao lado do exército russo, sendo assim obrigados a matar o seu próprio povo, o clima nas falanges russas que está longe de ser motivante, irá tornar-se tóxico.

Nas gélidas noites do inverno que se avizinha, vai ser complexo para os soldados russos verem de que lado vêm as balas...

24.09.22

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A democracia é realmente algo extraordinário. Permite-nos expressar as nossas opiniões em perfeita liberdade e sem qualquer tipo de coação.

A democracia cria espaços e concede o direito a todos os cidadãos de exercerem os seus direitos não tolhendo de nenhuma forma as opiniões e posições por mais controversas que elas sejam.

Contudo, esta benesse também expõe as nossas intervenções a possíveis críticas. A figura que fazemos não é escrutinado pela democracia em si, mas pode muito bem sê-lo por outros cidadãos.

O dever de cidadania e de democrata, obriga-me a aceitar o direito ao contraditório, ao absurdo, ao inconveniente, - porém, reservo-me ao direito de discordar, de criticar e de me indignar.

A figura que este Major General tem vindo a fazer sempre que é convidado pelos meios de comunicação televisivos, é na minha opinião, triste e ridícula.

Independentemente da opinião que expressa, são os argumentos e explicações que apresenta, que fazem das suas intervenções algo vergonhoso.

As contradições, as inverdades, e as especulações são tão evidentes, que nem as opiniões mais tendenciosas conseguem ignorar.

Sobre as questões que lhe colocaram sobre os referendos que neste momento decorrem em território ucraniano ocupado, foi completamente incapaz de tecer um mínimo comentário negativo sobre o assunto.

É perfeitamente vergonhoso que um representante das forças armadas de um país soberano como é Portugal, não tenha a capacidade de apontar uma ilegalidade quando ela é tão descaradamente evidente.

A democracia tem destas coisas, por vezes constatamos que os nossos impostos para além de sustentarem o nosso estado de direito, também servem para alimentar certas indignidades.

23.09.22

A Mãe Rússia na pessoa de Vladimir Putin chamou-lhe “operação militar especial”; agora existe uma madrasta que lhe chama guerra.

Para milhares de patriotas russos que durante estes meses assistiram sentados nos seus sofás à “libertação dos ucranianos” de todos os males da terra, a guerra entrou-lhes pela porta.

Pela mesma porta começam agora a sair os seus filhos, que forçados a abandonar as escolas e universidades, e mesmo não sendo da vontade de muitos, vão cumprir o desígnio supremo: tornarem-se heróis da Rússia.

Outros filhos, temendo esta madrasta, abandonam aos milhares a sua Mãe Rússia e entram no primeiro avião que os transporte para qualquer país que não lhes exija um visto.

Depois das derrotas consecutivas no campo de batalha, a mobilização forçada. Talvez o próximo passo do Kremlin seja erguer muros à volta dos aeroportos para assim suster a sangria de russos que não desejam ser heróis, desejam apenas viver em paz.

Das mais longínquas regiões da Federação, partirão aqueles que sem nunca terem conhecido Moscovo ou São Petersburgo, fazem as vezes dos "russos brancos” como o filho do ministro Peskov que não tem jeito para ser herói.

Mas não será só dos confins da Rússia que virão os homens que alimentarão a guerra de Putin e dos milhões de russos que o apoiam. Esta mobilização "parcial” já é na realidade uma mobilização geral. À boa maneira russa, mascarou-se a coisa para não criar mais mau estar entre alguma população, e vai-se mobilizando, agora 300.000, e depois outros milhares lhes seguirão.

Tal como Putin já afirmou, não é necessário ter pressas nesta guerra. Certamente que as mães russas terão pressa em ver o regresso dos seus filhos a casa, resta saber qual será a reação das mesmas quando forem informadas que os seus filhos morreram na Ucrânia. Um orgulho para a família ou um sacrifício estéril?

Sem pressa para acabar a guerra, a Mãe Rússia transforma-se em madrasta e será igualmente sem pressa, que os sorrisos e cânticos nas manifestações orquestradas pelo regime, se transformarão em sofrimento e desgosto.

Agora nem “operação” nem “especial”, agora, para os russos é guerra, e das guerras, normalmente só regressam os que se esconderam das balas, - os heróis ficaram no campo de batalha.

17.09.22

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Perante as últimas revelações sobre novas valas comuns descobertas em território ucraniano, concretamente na região de Izium que esteve sob ocupação do exército russo, seria oportuno por parte dos canais televisivos nacionais, o convite a certas personalidades no sentido de escutar das mesmas, as suas opiniões sobre os novos factos.

Por exemplo: seria interessante obter a posição do projeto de espião chamado Alexandre Guerreiro, que consistentemente encontra argumentos para defender o regime criminoso do Kremlin.

Talvez neste caso nos confessasse que tinha conseguido ele próprio, espiar este cenário de guerra, desculpem, nas suas próprias palavras, “operação militar especial”, e como tal, podia justificar tais sepultamentos, como sendo cerimónias fúnebres de elementos idosos da população de Izium , e todos decorrentes de morte por causas naturais.

A presença de alguns generais com mais ou menos estrelas, seria indiscutivelmente importante para explicar ao público televisivo que tais valas, eram na realidade, trincheiras cavadas pelo bravo e glorioso exército russo, e que a presença nas mesmas dos corpos dos cidadãos de Izium se devia apenas ao facto de que estes, no caminho para suas casas, tinham tropeçado, e por via disso se precipitado dentro das referidas trincheiras. O detalhe dos corpos com mãos e pés atados, tinha igualmente explicação: os soldados russos gostaram tanto da companhia dos habitantes da região dentro das suas trincheiras, que optaram por lhes atar os pés, não fossem os mesmos quererem fugir. Já o atar das mãos foi para prevenir que não tocassem em nada.

E por incrível que pareça, a enorme sapiência destes nossos génios militares encontraria igualmente explicação para os buracos encontrados nas cabeças destas pessoas, - tal ocorrência tinha sido o resultado de balas provenientes das armas de atiradores furtivos ucranianos que confundiram os civis com soldados inimigos, ou quem sabe, não teria sido um acto premeditado por parte dos ucranianos em assassinar o seu próprio povo.

Por fim, Miguel Sousa Tavares poderia igualmente dar o seu contributo para o debate, fazendo aquilo que melhor sabe fazer, dizer disparates.

19.08.22

A pretensão de vedar a entrada a comuns cidadãos russos nos países da UE, é não apenas antidemocrática mas também inconsequente.

Na ânsia de nos opormos ao regime russo, e de condenarmos a invasão da Ucrânia, não podemos cair no erro de atuarmos de forma que no mínimo se assemelhe aquela que é protagonizada pelo totalitarismo da Federação Russa.

Não vislumbro nenhuma razão válida para que se impeça a entrada de turistas russos em território da União. O comum cidadão russo que seja apoiante do regime, não deve ser só por essa razão, impedido de viajar para outros países, - isso seria antidemocrático. Em democracia não se pode vedar as opiniões contrárias. Tal fenómeno é próprio de regimes como o da Federação Russa. Como países democratas que somos, devemos nos afastar de tais comportamentos com o risco inerente de perdermos os nossos valores fundamentais.

A imposição de sanções a dirigentes do Kremlin e a oligarcas apoiantes do regime, e o impedimento dos mesmos de viajar para outros países, pode e deve ser considerada uma excepção com vista a tirar margem de manobra a gente influente na sociedade russa e com isso enfraquecer o regime russo.

Mesmo que se considerasse moral e ético impedir a entrada de cidadãos russos noutros países, existiria sempre o risco de serem cometidas injustiças, já que existem muitos russos opositores ao regime que procuram simplesmente fugir do seu país, sendo dessa forma impedidos de o fazer.

Não vai ser com o fecho de fronteiras aos turistas russos que o regime do Kremlin vai retirar da Ucrânia.

A lenta agonia do exército russo em terras ucranianas começou no dia 24 de fevereiro de 2022. As perdas são irreparáveis, os territórios ocupados são insustentáveis e no final da guerra, seja em que data for, a Federação Russa perderá tudo aquilo a que se propôs e mais.

Os países ocidentais que se concentrem em proporcionar à Ucrânia tudo o que for necessário para ela mesmo derrotar incondicionalmente o inimigo russo e com isso recuperar para si todos os territórios que por direito lhe pertencem.

Depois de alcançada a paz, será indispensável um processo de recuperação da economia e da sociedade ucraniana. Só desta forma o país se fortalecerá o suficiente no sentido do seu desenvolvimento e em particular, com o objetivo óbvio e legítimo de deixar de ser um alvo supostamente acessível para um vizinho que se perfila para nos anos futuros, continuar a constituir uma séria ameaça à paz na região.

Até lá os russos que viajem. Talvez entre eles se encontrem alguns que ponham os olhos nas reportagens sobre a guerra, e com isso consigam no mínimo, se interrogar como é que foi possível ao mundo ocidental montar um cenário de guerra tão realista que até parece verídico.

28.07.22

Criticar quem quer que seja por participar na festa do Avante, é tão despropositado e injustificável como é criticar Pedro Abrunhosa pela sua postura e tomada de posição contra o regime russo.

Em sociedades livres e democráticas, a liberdade de criticar, termina quando tentamos limitar a liberdade de quem por sua vez exerce o seu direito à crítica.

Os artistas que se juntam à festa do Avante têm todo o direito de o fazer, assim como Pedro Abrunhosa, eu próprio ou outro qualquer cidadão tem o direito de mandar Vladimir Putin se foder.

A liberdade de expressão é um dos pilares da democracia, e NINGUÉM, tem o direito de atentar contra este princípio.

Se alguém se sentiu incomodado com o conteúdo político do concerto de Pedro Abrunhosa, tem um excelente remédio — não assistir mais aos concertos do artista. Se alguém se sente incomodado com a presença de artistas na festa do Avante, pode tomar o mesmo remédio — não vá à festa, e se considerar relevante, não ouça mais as obras dos referidos artistas.

A liberdade de escolha de cada um deverá ser forçosamente inviolável, garantido que a mesma não interfira negativamente nos outros.

No meu caso pessoal, certamente que não irei à festa do Avante pela simples razão que não financio organizações que apoiam regimes criminosos.

Certamente que continuarei a ouvir as obras de todos os artistas cujo conteúdo me agrade, independentemente de participarem neste ou naquele evento.

Certamente que continuarei a mandar Vladimir Putin se foder e desejar ardentemente a sua morte e de preferência o mais rápido possível. É um direito que me assiste porque sou cidadão de um estado de Direito, livre e democrático.

Certamente que continuarei a ser alvo de críticas daqueles que discordam das minhas opiniões. Da mesma maneira que exerço o meu direito de liberdade de escolha, devo cumprir a minha obrigação democrática de receber críticas.

Reservo-me o direito, de em certos casos, nem sequer as considerar, mas nunca o direito de as impedir.

Porque aqui não é a Rússia, nem a Coreia do Norte, nem a Venezuela, nem o Irão, nem Cuba, nem a China — Não calarei a minha voz, assim como não me movo para calar a voz dos outros.

Viva a Liberdade!

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