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A Política somos nós

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20.05.22

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Muito se tem falado na Azovstal. 

O tema dos últimos dias gira à volta da saída de militares ucranianos do complexo siderúrgico. Analistas e comentadores pronunciam-se sobre o fundamento deste acontecimento. Se é ou não uma rendição; se constitui ou não uma derrota para o exército ucraniano; se é de uma humilhação que se trata. 

Na guerra não existem vitórias morais nem derrotas gloriosas. A batalha de Mariupol há muito que estava perdida, sendo Azovstal apenas o último bastião da resistência das forças ucranianas na cidade. 

A recuperação do controlo da cidade por parte do exército ucraniano não dependia dos homens em Azovstal. Por muito bravos que sejam, não seriam eles que saindo da sua posição defensiva iriam reconquistar uma cidade completamente dominada pelo inimigo. Esse tipo de coisas só acontece nos filmes. 

Sem mantimentos, sem munições e sem contingente suficiente, os últimos resistentes de Mariopul, mais não podiam fazer pela cidade. As ordens do carniceiro do Kremlin estavam dadas – bombardear o que estiver ao alcance, e o que restar vivo a fome se encarregará de concluir o processo. 

Perante este cenário, a rendição era a única opção sensata. Quando se entregam as armas ao inimigo e se renuncia ao combate, trata-se de uma rendição, ponto final. Estes homens cumpriram a sua missão até ao limite do que se considera razoável e pragmático no contexto da guerra.  

Com a sua resistência, retiveram o inimigo na região e com isso permitiram o reposicionamento e a consolidação das forças ucranianas mais a norte, no sentido de impedir ainda mais o avanço russo no território. Este tipo de episódio é apenas mais um na história dos conflitos militares. Quando a guerra acontece em várias frentes, por vezes é necessário recorrer a estas estratégias. O sacrifício destes combatentes era inútil, desumano e em nada mais iria contribui para o esforço de guerra. 

Esta rendição não significa que estes homens sejam mais ou menos heróis. Heróis são todos aqueles que em qualquer circunstância têm resistido e combatido o invasor, sejam militares ou civis. Todos os ucranianos que morreram ou venham a morrer, e todos aqueles que sobreviverem, são heróis pela mesma medida. 

Agora o que importa, é verificar até ao último pormenor a atuação da ONU e da Cruz vermelha internacional no que diz respeito ao acompanhamento do processo do aprisionamento destes militares por parte do exército russo. Se as autoridades do Kremlin levarem a cabo uma operação de deportação destes prisioneiros para território da Federação Russa, o destino destes prisioneiros estará fatalmente traçado. 

Ainda restam alguns combatentes em Azovstal – é totalmente incerto o seu destino.  

O que é certo é que a batalha pela reconquista de Mariopul vai ser uma realidade – o que é território conquistado hoje, é território perdido amanhã. Quanto às restantes batalhas desta guerra, só devem terminar quando o invasor usurpador e criminoso for completamente expulso. 

Putin aproveitou o precedente da Crimeia – se outro precedente for criado, ele aproveitará novamente. Quanto mais rapidamente o exército russo for expulso da Ucrânia, menos provável será o seu regresso. Só uma derrota total o impedirá. 

A Vladimir Putin só deverá ser concedida uma saída: Contentar-se com os 17 075 400 quilômetros quadrados que constituem o seu país. Se achar que é pouco e aspirar a mais, deverá ser totalmente impedido. Ao medo e à concessão, ele responderá com a agressão e com a usurpação. 

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