07.10.25
Dois anos depois do terror do 7 de Outubro de 2023, todos se interrogam sobre o futuro do Médio oriente.
É igualmente importante sabermos o que foi o passado naquela região.
Que o façamos com a mente aberta, sem facciosismos, sem grilhões ideológicos nem fanatismos – que o façamos com espírito humanista, com espírito crítico construtivo e com imparcialidade.
As barbaridades cometidas naquele dia fatídico são um perverso exemplo daquilo que os homens inexplicavelmente são capazes de fazer ao seu semelhante.
O sofrimento e a dor causadas às vítimas e aos seus familiares, é algo imensurável e inimaginável.
Sem qualquer tipo de dúvida, os crimes cometidos não podem ficar impunes.
Certamente que temos uma enorme dificuldade em entender como foi possível que seres humanos tenham cometido tais atrocidades.
O lugar comum encontrado para explicar o sucedido resume-se ao facto de os autores serem terroristas, desprovidos de humanidade e de clemência – nada mais perto da verdade, - porém, estes atributos não nascem de geração espontânea.
Ninguém nasce bárbaro, desumano e suficientemente malvado para chacinar homens mulheres e crianças.
A história do Médio oriente tem sido ao longo de mais de 100 anos, um palco de tiranias, de subjugação, de perseguições, de chacinas, de enganos e de traições.
Tal como os bárbaros não nascem de geração espontânea, os conflitos também não.
Todos os impérios trouxeram muita riqueza, ao mesmo tempo, provocaram muita desgraça.
Desde o império Otomano aos impérios coloniais britânico e francês, - esta estratégica região do mundo, esteve e continua a estar á mercê de jogos de poder, de ambição desmedida, da ignomínia e da tirania.
Para manterem o seu imenso império, - em especial a colónia indiana, - os ingleses contaram com o apoio das populações árabes numa história de alianças, falsas promessas e de traições.
A promessa de uma nação árabe rendeu muitos homens no campo de batalha no médio oriente durante a primeira e segunda guerra mundial
O fator judaico surgiu durante a segunda guerra mundial, quando a influência e riquezas judaicas foram fatores determinantes na vitória final.
Já não se tratava apenas de uma promessa, mas sim, de duas. A terra da Palestina foi prometida a dois povos: o Judeu e o Palestino.
A tragédia que se seguiu já dura há oitenta anos.
Há pensadores árabes que hoje se interrogam se não teria sido mais sábio se a divisão de território proposta em 1947, tivesse sido aceite pacificamente.
O que é certo é que não foi. E o que é certo também, é que desde a proclamação da formação do Estado de Israel em 1948, travaram-se quatro guerras entre árabes e judeus e, em resultado disso, a terra árabe prometida foi consecutivamente minguando.
Antes do 7 de Outubro de 2023 tivemos um homem chamado Yitzhak Rabin, - o homem que sonhava com um Israel pacificado e pacificador. Foi assassinado. Uns dirão que foi obra dos palestinianos, outros afirmam que foram os israelitas. Foi certamente obra dos inimigos da paz.
Hoje temos Benjamin Netanyah, - o homem que sonha com a grande Israel e com o enterro definitivo da promessa árabe.
Amanhã, teremos certamente os frutos do 7 de Outubro, da devastação de Gaza e da usurpação na Cisjordânia.
Os familiares dos soldados israelitas mortos, os familiares dos reféns, os sobreviventes de Gaza, são os frutos que representam a cultura do ódio, a sede de vingança e a rejeição do perdão e da aceitação.
Frutos de sementes que não foram apenas aquelas lançados na terra de Israel no dia de 7 de Outubro de 2023. São sementes antigas, tais como são os erros cometidos.
Enquanto forem estas as sementes escolhidas, os frutos colhidos, continuarão fatalmente a nascer podres.