29.10.22
Este domingo os brasileiros vão escolher o seu próximo presidente.
Bolsonaro é no seu conjunto como pessoa e como político, tão mau, que consegue juntar à volta da candidatura de Lula, pessoas que não se revêm nem na política do PT nem na personagem de Lula.
O grau de rejeição a Bolsonaro é tão grande que se traduz num sentimento entre a maioria da população brasileira que poderá ser traduzido na seguinte frase: “Todos menos ele”.
Todos os que apoiam Lula, uma percentagem daqueles que votaram na primeira volta noutros candidatos e uma percentagem daqueles que contribuirão para o elevado grau de abstenção, rejeitam absolutamente Bolsonaro.
Isto significa que se Lula vencer as eleições, este resultado deve-se mais a uma rejeição ao seu adversário do que uma aprovação a Lula.
O Brasil vive um momento da sua história onde o risco de comprometer o seu futuro e o seu desenvolvimento é elevadíssimo.
Por um lado, com a possível eleição de Lula, o país poderá novamente resvalar para um agravar do problema endémico nacional que é a corrupção. A incrementação da política intervencionista do estado na economia, fruto do dogma marxista bem presente na política ideológica do PT, é algo de que o Brasil não precisa, e um caminho que não deverá seguir – é uma receita comprovadamente perniciosa.
Por outro lado, com a reeleição de Bolsonaro, o Brasil para além de outros graves problemas, arrisca transformar-se num estado teocrata.
As inúmeras igrejas evangélicas que proliferam na sociedade brasileira, para além de serem a base de apoio a Bolsonaro, e mesmo em alguns casos, também apoiantes de Lula, são na sua essência, uma séria ameaça à democracia constituindo uma verdadeira doença social.
Chefiadas por um incontável número de bispos, meros orquestradores da manipulação e da falsidade, estas igrejas operam de uma forma perfeitamente mafiosa, já que a base da sua existência é assegurada pela extorsão de dinheiro sobre os seus fiéis, ou crentes, como lhes preferem chamar.
São hoje em dia, autênticos cofres fortes, repositórios de milhões de reais em forma de papel moeda, ou como os brasileiros costumam chamar: dinheiro vivo. Dinheiro que circula em canais restritos, completamente fora do sistema financeiro e que alicerça boa parte da economia paralela brasileira.
São organizações que compõem um dos maiores elos de corrupção no Brasil.
Donas de empresas de media, possuidoras de um vasto império imobiliário e com uma substancial representação em cargos públicos – esta gente, que entre promessas de vidas salvas do “diabo”, vende literalmente lotes no céu aos seus seguidores, garante de vida e moradia eterna ao lado do seu Senhor. Exercem um enorme e perigoso domínio sobre a mente e o bolso de dezenas de milhões de brasileiros.
Com a impossibilidade de ambos os candidatos saírem do seu canto extremado e inconsequente, neste domingo no Brasil, o “senhor” provavelmente vai abster-se, enquanto o “diabo” certamente vai escolher entre o mau e o menos bom.