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A Política somos nós

A Política somos nós

23.09.22

A Mãe Rússia na pessoa de Vladimir Putin chamou-lhe “operação militar especial”; agora existe uma madrasta que lhe chama guerra.

Para milhares de patriotas russos que durante estes meses assistiram sentados nos seus sofás à “libertação dos ucranianos” de todos os males da terra, a guerra entrou-lhes pela porta.

Pela mesma porta começam agora a sair os seus filhos, que forçados a abandonar as escolas e universidades, e mesmo não sendo da vontade de muitos, vão cumprir o desígnio supremo: tornarem-se heróis da Rússia.

Outros filhos, temendo esta madrasta, abandonam aos milhares a sua Mãe Rússia e entram no primeiro avião que os transporte para qualquer país que não lhes exija um visto.

Depois das derrotas consecutivas no campo de batalha, a mobilização forçada. Talvez o próximo passo do Kremlin seja erguer muros à volta dos aeroportos para assim suster a sangria de russos que não desejam ser heróis, desejam apenas viver em paz.

Das mais longínquas regiões da Federação, partirão aqueles que sem nunca terem conhecido Moscovo ou São Petersburgo, fazem as vezes dos "russos brancos” como o filho do ministro Peskov que não tem jeito para ser herói.

Mas não será só dos confins da Rússia que virão os homens que alimentarão a guerra de Putin e dos milhões de russos que o apoiam. Esta mobilização "parcial” já é na realidade uma mobilização geral. À boa maneira russa, mascarou-se a coisa para não criar mais mau estar entre alguma população, e vai-se mobilizando, agora 300.000, e depois outros milhares lhes seguirão.

Tal como Putin já afirmou, não é necessário ter pressas nesta guerra. Certamente que as mães russas terão pressa em ver o regresso dos seus filhos a casa, resta saber qual será a reação das mesmas quando forem informadas que os seus filhos morreram na Ucrânia. Um orgulho para a família ou um sacrifício estéril?

Sem pressa para acabar a guerra, a Mãe Rússia transforma-se em madrasta e será igualmente sem pressa, que os sorrisos e cânticos nas manifestações orquestradas pelo regime, se transformarão em sofrimento e desgosto.

Agora nem “operação” nem “especial”, agora, para os russos é guerra, e das guerras, normalmente só regressam os que se esconderam das balas, - os heróis ficaram no campo de batalha.

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