21.09.22
Vladimir Putin discursou mais uma vez para o povo russo. Falou em nazis, falou em massacres sobre o povo russo, falou no perigo que a Federação Russa enfrenta devido às intenções da NATO em invadir e fragmentar a nação russa, e falou também mais alguns disparates em que só o povo russo acredita, pelo menos boa parte dele.
Para uma população que sofreu na pele aquilo que mais nenhuma outra sofreu às mãos dos exércitos nazis durante a segunda grande guerra, é particularmente assustador ouvir o seu líder afirmar que mais uma vez os nazis estão à sua porta e desta vez trazem reforços. Quando essa mesma população, na sua esmagadora maioria, nunca saiu do seu país, desconhecendo desta forma outra qualquer realidade, este é um discurso dirigido a zombies.
É um discurso igualmente dirigido aos fundamentalistas e ultranacionalistas russos tão saudosos do velho império soviético. O próprio partido comunista russo apoia incondicionalmente o escalar deste conflito. Por outro lado, os corruptos oligarcas russos sabem que se a guerra for perdida e Putin cair, eles também caem, - como tal, alinham neste discurso de ameaça e confrontação.
Nas grandes cidades russas alguns corajosos protestam, são espancados e presos, enquanto outros, os que podem, abandonam um país onde a sobrevivência em todas as suas vertentes é já uma preocupação crescente.
Para o mundo ocidental, este discurso serve como mais uma ameaça, no sentido em que é manifestada por parte de Putin a intenção da Federação Russa manter e levar esta guerra até à última das consequências, e onde o uso de armas nucleares não é descartado, pelo contrário. É preciso aumentar a ameaça e fazer crescer o medo, principalmente quando no campo de batalha as derrotas se acumulam.
Esta é uma ameaça que tem que ser levada a sério. Não podemos nem devemos cair no erro de acreditar que tal absurdo é impensável até para uma personagem como Putin.
Nada mudou pois. A guerra continua, a ameaça nuclear continua, a hipocrisia chinesa continua e a resistência do povo ucraniano e das democracias que o apoiam vai ter que continuar.
No próximo inverno o frio vai ser apenas um detalhe.