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A Política somos nós

A Política somos nós

11.08.22

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O embaixador chinês em Moscovo afirmou que os

EUA são o "principal instigador da crise ucraniana" e que "O seu objetivo final é esgotar e esmagar a Rússia com uma guerra prolongada e com as sanções".

Independentemente da veracidade ou não do conteúdo destas afirmações, algo que naturalmente será escrutinado pelas opiniões de todos nós, o que certamente fica explícito, é o infindável cinismo das autoridades chinesas.

Desde o primeiro dia da invasão do território soberano da Ucrânia por parte da Federação Russa, que do governo chinês não transpirou sequer, uma proposta clara onde ao abrigo do direito internacional fosse possível encontrar uma plataforma de entendimento entre o invasor e o invadido.

Durante estes 6 meses de uma guerra iniciada e imposta pela Federação Russa, onde toda e qualquer regra do direito internacional foi simplesmente obliterada, não houve uma única ocasião em que o governo chinês tivesse a decência de claramente condenar aquilo que incontestavelmente é condenável.

Da China só se ouviram ambiguidades em discursos de circunstância, onde frases como: "Somos contra a guerra” e "Somos a favor da paz” foram os clichês que evidenciaram o facto de que a responsabilidade política de um país como a China, ter sido completamente menosprezada pelo mesmo.

Acusam o Ocidente ter tudo fazer para dar continuidade ao conflito, na posição daquele que nada faz para que ele termine.

O cinismo chega no auge quando afirmam que “A política de sanções sobre a Federação russa tem como objetivo final esgotar e esmagar o país”.

Ninguém mais beneficia com o enfraquecimento da Federação Russa do que a China. Neste caso, EUA e Europa estão até a fazer um “favor” à China—a curto e a longo prazo.

Talvez seja esta a razão que justifica a política chinesa face ao conflito. Para quê influenciar ou até de alguma forma pressionar a Federação Russa a cessar as hostilidades e abandonar o território ucraniano, se esta é uma guerra que vem desde o seu início enfraquecendo um vizinho que nos últimos 700 anos mais não tem feito que usurpar as fronteiras alheias? Pois então que continue esta guerra.

Para o governo chinês, todas as ilegalidades e barbaridades cometidas durante esta agressão, nunca pesaram na sua análise, postura ou voz ativa na abordagem da mesma—as vítimas do conflito não valem nem mais nem menos do que os tibetanos e as minorias muçulmanas presentes em território chinês.

Se em inúmeras ocasiões a política externa dos EUA comprovadamente não constituiu o melhor dos exemplos, certamente que a política externa do país que se perfila para alcançar a total hegemonia mundial, não representa melhor exemplo, muito pelo contrário.

Num “mundo chinês” que se vislumbra, muito provavelmente, iremos ser todos ucranianos ou simplesmente, “algo não chinês”.

 

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