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A Política somos nós

A Política somos nós

19.08.22

A pretensão de vedar a entrada a comuns cidadãos russos nos países da UE, é não apenas antidemocrática mas também inconsequente.

Na ânsia de nos opormos ao regime russo, e de condenarmos a invasão da Ucrânia, não podemos cair no erro de atuarmos de forma que no mínimo se assemelhe aquela que é protagonizada pelo totalitarismo da Federação Russa.

Não vislumbro nenhuma razão válida para que se impeça a entrada de turistas russos em território da União. O comum cidadão russo que seja apoiante do regime, não deve ser só por essa razão, impedido de viajar para outros países, - isso seria antidemocrático. Em democracia não se pode vedar as opiniões contrárias. Tal fenómeno é próprio de regimes como o da Federação Russa. Como países democratas que somos, devemos nos afastar de tais comportamentos com o risco inerente de perdermos os nossos valores fundamentais.

A imposição de sanções a dirigentes do Kremlin e a oligarcas apoiantes do regime, e o impedimento dos mesmos de viajar para outros países, pode e deve ser considerada uma excepção com vista a tirar margem de manobra a gente influente na sociedade russa e com isso enfraquecer o regime russo.

Mesmo que se considerasse moral e ético impedir a entrada de cidadãos russos noutros países, existiria sempre o risco de serem cometidas injustiças, já que existem muitos russos opositores ao regime que procuram simplesmente fugir do seu país, sendo dessa forma impedidos de o fazer.

Não vai ser com o fecho de fronteiras aos turistas russos que o regime do Kremlin vai retirar da Ucrânia.

A lenta agonia do exército russo em terras ucranianas começou no dia 24 de fevereiro de 2022. As perdas são irreparáveis, os territórios ocupados são insustentáveis e no final da guerra, seja em que data for, a Federação Russa perderá tudo aquilo a que se propôs e mais.

Os países ocidentais que se concentrem em proporcionar à Ucrânia tudo o que for necessário para ela mesmo derrotar incondicionalmente o inimigo russo e com isso recuperar para si todos os territórios que por direito lhe pertencem.

Depois de alcançada a paz, será indispensável um processo de recuperação da economia e da sociedade ucraniana. Só desta forma o país se fortalecerá o suficiente no sentido do seu desenvolvimento e em particular, com o objetivo óbvio e legítimo de deixar de ser um alvo supostamente acessível para um vizinho que se perfila para nos anos futuros, continuar a constituir uma séria ameaça à paz na região.

Até lá os russos que viajem. Talvez entre eles se encontrem alguns que ponham os olhos nas reportagens sobre a guerra, e com isso consigam no mínimo, se interrogar como é que foi possível ao mundo ocidental montar um cenário de guerra tão realista que até parece verídico.

11.08.22

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O embaixador chinês em Moscovo afirmou que os

EUA são o "principal instigador da crise ucraniana" e que "O seu objetivo final é esgotar e esmagar a Rússia com uma guerra prolongada e com as sanções".

Independentemente da veracidade ou não do conteúdo destas afirmações, algo que naturalmente será escrutinado pelas opiniões de todos nós, o que certamente fica explícito, é o infindável cinismo das autoridades chinesas.

Desde o primeiro dia da invasão do território soberano da Ucrânia por parte da Federação Russa, que do governo chinês não transpirou sequer, uma proposta clara onde ao abrigo do direito internacional fosse possível encontrar uma plataforma de entendimento entre o invasor e o invadido.

Durante estes 6 meses de uma guerra iniciada e imposta pela Federação Russa, onde toda e qualquer regra do direito internacional foi simplesmente obliterada, não houve uma única ocasião em que o governo chinês tivesse a decência de claramente condenar aquilo que incontestavelmente é condenável.

Da China só se ouviram ambiguidades em discursos de circunstância, onde frases como: "Somos contra a guerra” e "Somos a favor da paz” foram os clichês que evidenciaram o facto de que a responsabilidade política de um país como a China, ter sido completamente menosprezada pelo mesmo.

Acusam o Ocidente ter tudo fazer para dar continuidade ao conflito, na posição daquele que nada faz para que ele termine.

O cinismo chega no auge quando afirmam que “A política de sanções sobre a Federação russa tem como objetivo final esgotar e esmagar o país”.

Ninguém mais beneficia com o enfraquecimento da Federação Russa do que a China. Neste caso, EUA e Europa estão até a fazer um “favor” à China—a curto e a longo prazo.

Talvez seja esta a razão que justifica a política chinesa face ao conflito. Para quê influenciar ou até de alguma forma pressionar a Federação Russa a cessar as hostilidades e abandonar o território ucraniano, se esta é uma guerra que vem desde o seu início enfraquecendo um vizinho que nos últimos 700 anos mais não tem feito que usurpar as fronteiras alheias? Pois então que continue esta guerra.

Para o governo chinês, todas as ilegalidades e barbaridades cometidas durante esta agressão, nunca pesaram na sua análise, postura ou voz ativa na abordagem da mesma—as vítimas do conflito não valem nem mais nem menos do que os tibetanos e as minorias muçulmanas presentes em território chinês.

Se em inúmeras ocasiões a política externa dos EUA comprovadamente não constituiu o melhor dos exemplos, certamente que a política externa do país que se perfila para alcançar a total hegemonia mundial, não representa melhor exemplo, muito pelo contrário.

Num “mundo chinês” que se vislumbra, muito provavelmente, iremos ser todos ucranianos ou simplesmente, “algo não chinês”.

 

09.08.22

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Em resultado do último ataque “cirúrgico” levado a cabo por Israel sobre a Faixa de Gaza, supostamente foram abatidos vários elementos, entre eles um líder, do grupo terrorista jhiad Islâmica.

Os danos colaterais da “cirurgia” provocaram a morte de dezenas de civis palestinos, entre eles várias crianças.

Em resposta aos mísseis de fabrico iraniano disparados da faixa de Gaza, Israel ripostou. Tratou-se “apenas” de mais uma batalha na eterna e sangrenta guerra no médio oriente onde se normalizou a existência de um conflito entre israelitas e palestinos. Porém, a questão não é de todo tão simplista.

Este é um conflito entre EUA e Irão. Os EUA, por razões sobejamente conhecidas, defendem e apoiam Israel. Por razões históricas, estratégicas e até de política interna.

São inúmeras as grandes fortunas americanas na mão de judeus americanos, e estas fortunas ajudam muito na eleição de presidentes.

Israel é um posto avançado no embate protagonizado entre EUA e Irão. Por incrível que pareça, um território com uma dimensão aproximada do Alentejo, constitui tão inusitado equilibro de forças nesta região.

Para o Irão que tem como ambição ser o estado islamita por referência, a existência de Israel por si só constitui uma ameaça às suas ambições de superpotência regional. Naturalmente, esta ambição constitui para Israel uma ameaça existencial.

No meio deste duelo de titãs estão cerca de 2 milhões de palestinos. Acredito que a esmagadora maioria desta população, pouco lhe importa o Irão ou os EUA, até mesmo Israel. Depois de décadas, de ocupação, de guerra, de humilhação, de morte e sofrimento, é crível que desejem apenas uma coisa, a Paz.

Amontoados numa estreita faixa de terra, aquela que sobra do saque Israelita, lutam diariamente pela sobrevivência. Atravessam a fronteira do inimigo para trabalharem para o mesmo. Para realizarem as tarefas que este não está disposto a fazer. No final do dia regressam a "casa" num bairro bombardeado, onde o hospital não merece essa designação, onde as escolas se encolhem entre as bombas e onde um inimigo interno, radicaliza e os usa numa barbaridade por encomenda.

Os grupos jhiadistas financiados pelo Irão infiltram-se entre a população palestina e geram o caos numa provocação constante a Israel. Alimentam-se da revolta e do descontentamento popular face à colonização e opressão israelita usando a população numa contínua escalada do terror. Não estão interessados num estado palestino soberano e independente nem de todo no fim do conflito.

Se um dia Israel anexar totalmente os territórios palestinos, não significará o fim do conflito. Para o Irão, o pretexto será o mesmo — enquanto para Israel, não obstante a hipotética posse da palestina, existirá sempre a necessidade de se defender, e comportará sempre uma postura atacante.

Com o patrocínio tanto dos EUA como do Irão, esta guerra irá continuar. Até Vladimir Putin apelou à contenção de Israel face ao grupo terrorista jhiad Islâmica presente em Gaza. Longe vão os tempos em que Putin invadiu a Chechénia e se autoproclamou um combatente na grande cruzada contra o terrorismo islâmico.

Nem o massacre de Grozny foi suficiente para exterminar estes jhiadistas. Os que escaparam, semeiam agora o terror nas cidades ucranianas e na Faixa de Gaza. Ao que parece, aos olhos de Putin, estes não são assim tanto terroristas e o sofrimento do povo palestino é com certeza uma grande preocupação do regime do Kremlin...

07.08.22

O PCP criticou aquilo que considera ser a política externa dos sucessivos governos PS, PSD e CDS-PP que "está a envolver perigosamente" o país na "estratégia militarista agressiva" de Washington.

Esta “moralidade” disparada por uma arma de mira viciada, é tão falsa que dispensa a tão mencionada e recomendada verificação de veracidade no que diz respeito a notícias ou a simples declarações públicas.

Se o PCP fosse governo, neste momento teríamos o país envolvido na "estratégia pacífica e libertadora das ideias e das mentes“ do Kremlin.

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