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A Política somos nós

A Política somos nós

09.04.22

Era esperada a posição do PCP face à visita do presidente ucraniano ao parlamento português. Embora tenham perdido alguma coerência, mantêm a previsibilidade.  

Falta coerência na não condenação de um regime que em questões políticas e ideológicas difere totalmente do regime soviético, que ainda inspira e guia os comunistas portugueses; por outro lado, a previsibilidade continua intocável. Tudo o que estiver alinhado com as posições europeias, com a estratégia da NATO ou com a intervenção direta ou indireta dos EUA, o PCP indubitavelmente, está contra. 

O voto contra era garantindo, resta saber qual vai ser a postura quando o presidente ucraniano começar a discursar. Irão os deputados comunistas abandonar o hemiciclo? Dada a extraordinária habilidade do PCP em perder eleitorado, tal iniciativa não seria de estranhar. Talvez optem por se manterem nos seus assentos sem se manifestarem; o que será mais uma prova de incoerência – se manifestaram a sua insatisfação perante a vinda do presidente Zelesnsky ao parlamento, então tornar-se-á incoerente a sua permanência durante o discurso do convidado que rejeitaram. Na prática se assim for, será um ato de cinismo. 

Com a sua ausência no parlamento poupariam desse cinismo todos os presentes, e ao povo português podiam poupar aquele discurso que no passado foi tão magistralmente classificado como, a cassete. Realmente o PCP é tão obsoleto como a velha cassete. A cassete repete aquela ideia maravilhosa de que é necessário alcançar a paz. Como normalmente acontece com os inaptos, a capacidade de apresentar os problemas está muito distante da capacidade para os resolver.  

O PCP quer nos fazer acreditar que a presença do presidente ucraniano no parlamento, é mais uma forma de escalar a guerra e em nada contribui para se alcançar a Paz.  

Todos nós sabemos que os canais de comunicação entre o comité central do PCP e o Kremlin, já não são o que eram desde a queda do muro; mas perante a insistência de que é possível negociar o fim da guerra nas atuais circunstâncias, eu tenho uma esperança que o PCP consiga antes da sua morte anunciada, contribuir para o bem mundial e estabelecer contato direto e privilegiado com as velhas figuras da KGB, hoje FSB, no sentido de se alcançar um entendimento entre as partes beligerantes.  

Aquele entendimento que até agora tão ilustres personalidades não conseguiram mediar. Quem melhor pode fazer esta ponte senão os comunistas portugueses? Últimos bastiões do comunismo na Europa. Afinal de contas são velhas amizades. 

No entanto, essa linha para o Kremlin está com dificuldades de sinal. O melhor que o PCP consegue fazer, é estar contra. Estar a favor de alguma coisa é algo que exigiria uma agilidade ideológica inalcançável por parte dos seus responsáveis.  

Quem na sociedade portuguesa que não faz parte de um pequeno grupo que se dedica a escrever asneiras e depois espalhar Copy/Paste por todo o lado, sabe muito bem qual seria o acordo que o PCP veria com muito bons olhos, e aí sim, votaria a favor - A capitulação incondicional da Ucrânia. Acaba a guerra, tinha-se conseguido a paz. 

Os comunistas portugueses querem nos convencer que eles acreditam, e que nós deveríamos igualmente acreditar, que existe por parte da Federação Russa a mínima intenção de fazer um cessar fogo para poderem começar realmente as conversações que até agora nem sequer tiveram condição de acontecer. Iniciar conversações enquanto as armas não se calam é inconcebível.  

Entretanto, a escala dos acontecimentos transporta para este conflito algo com que nos devíamos certamente preocupar. A intenção do agressor é indesmentivelmente, não parar. Por isso é urgente que o mesmo seja parado. 

E as pessoas se interrogam: Vamos ajudar a Ucrânia ou vamos deixa-los chegar à mesa da capitulação? Depois de terem sido invadidos, martirizados e espoliados de todos seus bens, ainda haja quem creia que também devam entregar o resto. O resto da ruína e da destruição. Perder a soberania dos seus territórios. Entregar a sua honra? E que mais? 

Sendo ao não comunista, cabe o direito a qualquer comum cidadão de se indignar e de se de horrorizar com o que está a acontecer na Ucrânia. E acredito que os militantes do PCP o estejam. 

Não se trata de ideologias, nem de regimes nem de política - trata-se de justiça. Essa deveria ser transversal aos nossos pontos de vista e deveria estar presente nas nossas reflexões e tomadas de posição.  

Nenhuma guerra traz nada de bom, contudo, esta pelo menos veio clarificar quem está do lado da barbárie, da agressão inqualificável e essencialmente da mentira. São os partidos de extrema esquerda e extrema direita que, ou se abstêm ou estão na sua maioria contra a posição do mundo ocidental e democrático face à invasão e aos crimes levados a cabo pela Federação Russa. 

No mundo ocidental as opiniões públicas têm peso, as eleições e as sondagens de opinião não são farsas, como tal, o preço a pagar por quem opta por ficar do lado errado da história será com certeza elevado.  

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