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A Política somos nós

A Política somos nós

30.04.22

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Vai acontecer na Transnístria exatamente aquilo que aconteceu na Abecácia, na Ossétia do Sul e no Donbass.

O regime cancerígeno do Kremlin vai dar início às atividades de destabilização social, incitamento à violência, conspiração e sabotagem, - o Modus Operandi de quem realmente manda na Federação Russa, ou seja, o FSB, herdeiro do KGB, escola do criminoso de guerra e terrorista de estado, Vladimir Putin.

Vão incentivar e promover toda e qualquer diferença étnica, linguística e cultural presente no território. No lugar de viabilizar a sã convivência entre as populações, gerindo e apaziguando os possíveis conflitos, fazem precisamente o contrário. Dividem o mais possível para depois eles próprios poderem reinar.

Quando a violência social se instala, surgem então com o pretexto que a sua presença para defender as populações russófonas e russófilas é inevitável. Vêm as tropas, os referendos falseados e ilegais e a instalação de governos fantoches. Surgem então novas repúblicas que sendo ou não independentes da Federação russa, passarão a estar em absoluto sob o seu controlo.

É claro que depois por cá, temos aquele pequeno e reduzido grupinho de papagaios, que tal como o bicho, repetem a cassete do anti ocidentalismo, do grande Satã americano, etc. Tudo no pacote copy/paste de asneiras.

O que lhes sobra de sabão na cabeça, falta-lhes de coragem em assumir frontalmente que são defensores de um regime criminoso. Não os censuro por serem antiocidentais, cada um tem direito às suas opiniões. O que é vergonhoso, é que para conseguirem se posicionar contra aquilo que está indesmentivelmente errado, têm que forçosamente invocar os erros de outra partes.

Os erros do regime do Kremlin não são de todo desculpáveis pela existência de erros dos regimes ocidentais. Este raciocínio está-lhes vedado. A cassete só roda para um lado.

29.04.22

Desde o dia 24 de Fevereiro de 2022, data da invasão da Ucrânia por parte do exército da Federação Russa, que vários analistas e comentadores se têm escusado a fazer comparações históricas sobre os atuais acontecimentos e aqueles que deram origem ao início da segunda grande guerra mundial.

Invocando o princípio de que a história não se repete e que as circunstâncias e os atores são diferentes, preferem analisar esta crise de forma distinta e única.

A reação do comum cidadão mais ou menos atento ou interessado nos fatos históricos quando se coloca este tipo de comparações, é a natural rejeição da ideia de que algo tão terrível como a última grande guerra possa de alguma forma se repetir num cenário e antecedentes semelhantes.

Apesar de me conter no que diz respeito a comparações, não consigo evitar vislumbrar um certo paralelismo entre os antecedentes e as motivações que envolvem este conflito e o início da segunda grande guerra.

Senão vejamos: Apesar de a data oficial para o início da segunda grande guerra ser o dia 1 de Setembro de 1939, a origem do conflito previamente germinava numa região da Europa central conhecida como os Sudetos.

Na verdade, o termo Sudetos, refere-se às populações germanófonas que habitavam os territórios da Boémia, da Morávia e da Silésia. Este termo foi adotado a partir do século XX para designar estas regiões como uma só considerando a questão das populações de alemães Sudetos. Depois do final da primeira grande guerra, esta região passou a fazer parte integrante da então designada Checoslováquia.

Mesmo antes da formação da Checoslováquia, os Sudetos que constituíam cerca de 35% da população da Boémia, já aspiravam à autodeterminação, e à união com austríacos e alemães com o intuito da formação de um único estado. Quando em 1933 Hitler é eleito chanceler da Alemanha, já tinha sido formado na Checoslováquia o partido alemão dos Sudetos - inicialmente tinha apenas pretensões autonomistas, mas esta pretensão evoluiu para o desejo de anexação por parte do Estado Alemão.

As concessões feitas por Praga não foram suficientes para evitar que em Setembro de 1938 no ultimato feito por Hitler, fossem impostas as condições do terceiro Reich referentes à questão dos Sudetos que resultaram no acordo da conferência de Munique.

Nessa conferência, no dia 30 de Setembro de 1938, foi assinado um acordo entre Alemanha, Itália, Reino Unido e França onde ficou decidido a entrega do controle da região dos Sudetos à Alemanha. Não foi permitida a presença dos dirigentes checos durante o desenrolar da conferência, tendo sido o acordo definido à total revelia dos mesmos. Na atual República Checa ou Chéquia, a conferência de Munique é conhecida como a “Sentença de Munique”.

O grande objetivo deste acordo por parte do Reino Unido e da França, era conter o ímpeto bélico e expansionista de Hitler e conseguir a paz numa Europa onde as memórias do primeiro grande conflito mundial eram ainda recentes e traumáticas.

Depois da anexação concedida pacificamente por parte dos austríacos e agora com a obtenção da região dos Sudetos, Hitler prometia que não reivindicaria mais nenhum território europeu. Ainda hoje se questiona se o primeiro ministro inglês Chamberlain, simplesmente se deixou enganar por Hitler, ou se por outro lado, ele próprio consciente da inevitabilidade da guerra, assinou o acordo numa tentativa de ganhar tempo e com isso preparar o seu país e os aliados para o conflito eminente.

A ocupação dos Sudetos resultou na expulsão dos habitantes checos dessas regiões. Em poucas semanas, a Checoslováquia. perdeu mais de 40 mil km2 e mais de 4 milhões de habitantes. A Checoslováquia. perdia igualmente as suas defesas militares sendo que as linhas defensivas ficaram sob o controle do Reich, - em resultado disso, a independência do país ficou em sério risco.

Em Março de 1939 Hitler viola o acordo assinado seis meses antes, e o exército nazi invade o restante território da Checoslováquia. Apesar disso, tanto o Reino Unido como a França não realizaram nenhuma ação concreta, para além da mobilização das suas tropas.

Depois de em Agosto de 1939 a Alemanha nazi e a União soviética terem assinado um tratado de não agressão, no dia 1 de Setembro de 1939 os exércitos da Wehrmacht invadem a Polónia dando início à segunda grande guerra mundial. No dia 17 do mesmo mês, o exército vermelho invade igualmente o território polaco. No tratado de não agressão assinado entre Hitler e Stalin, tinha ficado acordado a partilha da Polónia.

Hitler tinha assim evoluído do falso pretexto de proteger as populações germanófonas conhecidas como Sudetos, para a sua verdadeira pretensão na Europa, expressa na frase que ele próprio mais tarde proferiu: “O espaço vital do povo alemão”.

As atuais circunstâncias e os seus atores não são exatamente iguais, mas certamente não serão totalmente diferentes. O erros do presente podem ser evitados analisando os erros do passado.

28.04.22

Enquanto o secretário geral da ONU e o presidente ucraniano davam uma conferência de imprensa em Kiev, a cidade foi atingida pelos bombardeamentos do exército russo.

O alvo foi uma fábrica de armamento a poucos quilómetros do local da conferência. Não se tratou apenas de mais um bombardeamento e de mais um alvo, tratou-se de um ataque político às Nações Unidas, e como tal, um ataque ao mundo inteiro. Nem se pode qualificar como sendo uma provocação, tratou-se na realidade de um ultraje a toda a comunidade internacional.

Putin, num clímax de cinismo, depois de se ter reunido com António Guterres, ordena um ataque direto a Kiev no preciso dia e momento em que o secretário geral da ONU se encontrava presente na cidade.

Depois das farsas que constituíram todos os encontros entre os líderes ocidentais e o presidente da Federação Russa, espera-se agora, com mais esta afronta, que mais ninguém com vergonha na cara se preste a falar com Vladimir Putin.

Quando um membro permanente do conselho de segurança da ONU é responsável por um ato desta gravidade, não pode restar mais espaço para o mesmo continuar a ter o estatuto privilegiado de que desfruta. O único destino que resta à Federação Russa na ONU, é a expulsão do conselho de segurança.

Este bombardeamento, apesar de não ter como alvo direto o secretário geral da ONU, constituiu uma ameaça velada de guerra ao mundo inteiro.

O líder do Kremlin é um terrorista de estado e um criminoso de guerra que só entende a linguagem da força. Quem manifestar fraqueza perante esta personagem está condenado a ser subjugado. Todas as exposições, todas as conceções e todos os fechar de olhos que o ocidente concedeu a Putin, estão a resultar não só na tragédia que está a ocorrer na Ucrânia, mas também na mais grave crise geopolítica vivida na Europa desde o final da segunda grande guerra mundial.

Quanto maior for a fraqueza, quanto maiores forem as hesitações perante Putin, maior será o preço que todos pagaremos.

No Kremlin existe um cancro que cresce a cada dia que passa, ou o contemos agora, ou todos seremos vítimas dele.

27.04.22

O presidente Zelensky deixou bem claro que está disponível para receber chefes de estado que lhe tragam propostas concretas de apoio referentes às sanções a aplicar à Federação Russa, ao apoio militar e à ajuda humanitária. Visitas cujo objetivo seja apenas de posar para a fotografia com o político mais mediático do mundo, estão fora da agenda.

Considerando a postura da Alemanha na política de sanções, tudo apontava para que o presidente da Alemanha ia mesmo só para a fotografia. A Alemanha tem vindo a praticar uma política de inércia no processo de sanções atribuídas à Federação Russa, apesar, dela depender o verdadeiro impacto das mesmas na economia russa. Depois de ter cometido o colossal erro de se colocar numa posição de excessiva dependência energética, não quer agora de maneira nenhuma pagar o preço exigido.

Pelo menos até agora, para o governo alemão é impensável reduzir uma décima que seja do seu PIB em consequência de restringir significativamente as suas importações de gás natural da Rússia. Com um esforço adicional da Alemanha, a máquina de guerra da Federação Russa teria sérias dificuldades em manter este conflito, - o resultado disso, permitiria no mínimo, que o mesmo não se arrastasse muito mais no tempo. Com um maior esforço de um, o sacrifício de muitos, seria aliviado.

Outros têm-no feito, como é o caso da Itália. A Alemanha não está disposta a fazê-lo porque isso sai caro. As justificações de que o seu nível de dependência é demasiado elevado, não impedem que se exija à maior economia europeia um esforço muito superior àquele que por ela tem sido feito.

Talvez uma das razões para não correr o risco de abrandar o ritmo da sua economia, se prenda com o fato de já ter planeado a atribuição de largos milhões de euros à sua política de defesa. Compreensível, depois de ter subsidiado e continuar a subsidiar um país que representa uma série ameaça.

Do Reino Unido sopram ventos de muito maior eficácia. O anfitrião das festas no 10 de Downing Street, desta vez mandou parar a festa e tem mostrado serviço. Contra factos não há argumentos, - o Reino Unido é o país europeu que mais tem ajudado a Ucrânia, e com um avanço substancial sobre os demais.

Depois de ter sido uma verdadeira lavandaria para os rublos sujos do Kremlin e dos seus amigos, O Reino Unido procura limpar a sua imagem e sem dúvida que tenta compensar de alguma forma os erros cometidos quando abriu as portas aos corruptos russos. O mal está feito, resta agora ter a atitude certa. Neste momento o que é assertivo fazer é travar Putin, e sem qualquer sombra de dúvida, que enquanto uns se encolhem, o Reino Unido não hesita e age.

26.04.22

 

  

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O secretário geral da ONU foi a Moscovo assistir ao vivo à farsa de Putin.

Perante a mentira compulsiva e doentia, nem o dono das melhores intenções consegue fazer valer o seu ponto de vista.

Quando um chefe de estado considera que tem o direito de invadir um estado soberano, usando o argumento de que nesse mesmo estado existe um conflito regional com o governo central, as palavras para o contrapor tornam-se escassas.

António Guterres até contrapôs alguns argumentos de Putin, mas o resultado foi nulo, e essa nulidade não reflete incapacidade de quem contrapõe, o que fica refletido é a imagem de uma personagem que personifica a falsidade, o cinismo e a hipocrisia.

A Putin é completamente indiferente a opinião dos outros, e quando assim é, o diálogo torna-se num monólogo. Em textos anteriores já tinha referido que tentar dialogar e negociar de boa fé com este tipo de indivíduos é simplesmente uma perda de tempo.

Alguns dirão: “Mas tem que ser tentado”. Não discordo, apenas considero que é infrutífero. António Guterres fez o seu papel e usou os seus argumentos perante um “surdo”. Foi um David contra Golias, só que este David nem funda teve ao seu dispor.

Para quem ainda duvida da postura do Kremlin, ficou ainda mais claro a forma como os seus dirigentes operam nesta crise. Enquanto António Guterres é recebido, o terrorista de estado Sergei Lavrov, dá uma entrevista onde novamente coloca a possibilidade de uma escalada nuclear num conflito ao qual ele chama “operação militar especial”.

Afirmou que perante a ajuda militar dos países ocidentais prestada à Ucrânia, a Federação Russa terá a legitimidade em usar armas nucleares. Terminou a declaração com a seguinte frase: “Guerra é guerra”. Afinal parece que agora até o Kremlin considera que existe uma guerra na Ucrânia.

De um lado apela-se a um cessar fogo e à abertura de corredores humanitários; do outro, ameaçasse com a utilização de armas atómicas.

Não sei o que é que ainda falta ouvir, o que é que falta assistir, para se concluir que o regime do Kremlin é um autêntico cancro, e que até à sua completa extração, não haverá sossego para os povos europeus.

Não basta fornecer equipamento militar ao exército ucraniano, - o aumento das sanções a TUDO o que for russo, é indispensável. Aquele regime tem que ser enfraquecido até perecer, - e que fique bem clara a mensagem para os vindouros: Este tipo de comportamento, será de imediato confrontado com a máxima força.

Este conflito tem que terminar, mas é igualmente necessário criar os mecanismos que garantam que nem este nem outros se repitam.

25.04.22

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Não bastou fazê-lo, não basta celebra-lo, é preciso que todos os anos seja renovado, porque a cada ano que passa as ameaças à democracia também se renovam.  

As personagens extremistas que em todo o mundo e em particular na europa procuram ganhar terreno político, são presenças não democratas nas nossas democracias.  

Aceitá-las não significa deixar de as combater, pois com elas está latente o objetivo de destruir os valores humanistas e pluralistas das nossas sociedades. 

23.04.22

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António Guterres vai a Moscovo fazer mais ou menos a mesma figura que Macron fez, - talvez pior, o que é difícil.

Como se pode negociar seja o que for com um indivíduo que mente compulsivamente e que nutre um desprezo total por todos, mesmo por aqueles que o rodeiam? Negociar com um narcisista que vive com a paranoia de que vai ser atacado? Negociar com um chefe de estado que condecora “soldados” que cometem crimes de guerra?

Quais vão ser as propostas de Guterres? A capitulação da Ucrânia com a cedência de todo o território ocupado? A retirada do exército russo da Ucrânia? Nem ucranianos nem Putin aceitariam as respetivas propostas.

Negociar corredores humanitários? Praticamente todos aqueles que se conseguiram concretizar foram alvo dos ataques do exército russo. Os únicos que decorreram em segurança foram aqueles que tiveram como destino o território russo, - foram na prática, deportações.

Enviar assistência humanitária da ONU para território ucraniano? Só se for debaixo de bombardeamentos, já que o cessar fogo não faz parte dos planos de Putin.

Espero estar enganado, mas creio que Guterres vai fazer a mesma figura triste que Macron fez. Por outro lado, para Putin vai ser mais uma oportunidade para ele massajar o seu ego perturbado.

Putin só vai fazer uma paragem quando isolar a Ucrânia do mar. Tal circunstância provocará um enorme enfraquecimento do país, o que permitirá a Putin desencadear uma nova ofensiva contra Kiev e com isso obter o controlo do estado ucraniano. Os planos de Putin foram desde o início o controlo absoluto de toda a Ucrânia. Tem vindo a fatiar o território e só parará quando o seu objetivo for alcançado.

Infelizmente não existe negociação que o faça desviar-se daquilo que pretende. Só será travado com a coragem do povo e do exército ucraniano, e com a ajuda dos países ocidentais.

Putin é um terrorista, e com terroristas não se negoceia.

 

 

22.04.22

Ninguém pode em consciência afirmar que o PCP não é um partido organizado.

Nada é feito de improviso, tudo é atempadamente planeado e apresentado de forma a que não reste qualquer dúvida sobre a unanimidade intrínseca à filosofia do partido. A alternativa a esta realidade é de todo impossível. No PCP, pouquíssimos decidem e os outros, (poucos), acenam com a cabeça.

Com a ausência durante o discurso de Volodymyr Zelensky no parlamento português, o PCP provou uma vez mais a sua capacidade organizativa. Neste caso é um planeamento a médio prazo. A quatro anos e meio das próximas eleições legislativas que darão origem a outro parlamento, o PCP fez hoje o ensaio geral da sua saída do parlamento como partido político.

Sinceramente, considero que não farão falta, nem tão pouco deixarão saudades.

21.04.22

Ninguém pode em consciência afirmar que o PCP não é um partido organizado.

Nada é feito de improviso, tudo é atempadamente planeado e apresentado de forma a que não reste qualquer dúvida sobre a unanimidade intrínseca à filosofia do partido. A alternativa a esta realidade é de todo impossível. No PCP, pouquíssimos decidem e os outros, (poucos), acenam com a cabeça.

Com a ausência durante o discurso de Volodymyr Zelensky no parlamento português, o PCP provou uma vez mais a sua capacidade organizativa. Neste caso é um planeamento a médio prazo. A quatro anos e meio das próximas eleições legislativas que darão origem a outro parlamento, o PCP fez hoje o ensaio geral da sua saída do parlamento como partido político.

Sinceramente, considero que não farão falta, nem tão pouco deixarão saudades.

20.04.22

O dicionário de português apresenta como significado para o termo, contraditório, o seguinte: “- Que se contradiz ou contradita. Quem contém, envolve ou constitui uma contradição; que tem sentido contrário; incoerente. Em que há discrepância; discordante -”.

Na opinião pública em Portugal existe uma minoria de organizações políticas e de cidadãos que se queixam de que os meios de comunicação social apresentam uma versão sobre a guerra na Ucrânia onde não existe espaço ao contraditório.

Percorrendo todos os canais de TV, privados ou estatais; lendo centenas de artigos de jornais; navegando pelos milhares de sites e de blogues, todos os portugueses que procuram informar-se sobre a situação do conflito, têm acesso às mais variadas opiniões, pontos de vista e análises sobre o mesmo.

Senão reparemos:

No parlamento, símbolo da democracia, órgão representativo do povo e da sua opinião, expressa em liberdade e sem qualquer tipo de condicionamento. Aí, o PCP expressa uma opinião e toma uma atitude contraditória em relação ao governo e à maioria dos deputados. O BE, numa posição mais ambígua, não se vê privado de igualmente ser de alguma forma contraditório. Ou seja, em Portugal, ao mais alto nível, o contraditório tem espaço. É limitado, mas isso é exclusivamente resultado do processo democrático.

Nos mais variados canais de TV, dezenas de entrevistados, desde Majores-Generais, professores catedráticos e jornalistas, expressam as suas opiniões que inúmeras vezes são contraditórias. Só no âmbito das entrevistas a patentes militares, já se ouviu de tudo.

Desde um Major-General afirmar que para se saber qual o arsenal utilizado pela Federação Russa, bastava consultar a Internet, até à "manobra de reagrupamento” das tropas russas aquando da retirada dos arredores de Kiev. Um destes ilustres militares esteve mesmo à beira de fazer continência aos soldados russos, aos quais ele atribuía as mais altas competências, algo que ele mesmo constatou quando os teve sob o seu comando em operações da NATO.

Ouvi declarações de um professor onde apelava à compreensão dos ocidentais face à atuação da Federação Russa, pois no passado ocorreram conflitos territoriais e delimitações de Fronteiras que, afirmou o mesmo: “não ficaram bem resolvidas...”. Perante este contraditório, temo pela possível futura posição francesa em relação ao desfecho das guerras napoleónicas na Península Ibérica...

Diariamente somos "presenteados” com esta imagem:

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É apenas a minha opinião, mas este é com certeza a personagem mais irritante atualmente presente nos ecrans televisivos. Mas uma coisa é certa: mais contraditório é impossível.

Na Internet e nos blogues, a informação falsa ou verdadeira, circula livremente sem que o menor sinal de censura seja detetado. Afinal de contas, não estamos na Rússia, onde o contraditório resulta no mínimo em prisão.

O ditado diz: “Contra fatos não há argumentos”. Os fatos ocorridos na Ucrânia são incontornáveis, indesmentíveis e indubitavelmente, criminosos. Não há lugar nem espaço ao contraditório. Ou nos posicionamos pela humanidade e pela moral, ou nos colocamos em contradição com isso mesmo.

Já morreram mais de 200 crianças nesta guerra, e mesmo que só tivesse morrido uma, é algo que não se pode contradizer. Talvez assumido uma posição mais contraditória se deveria ter noticiado: “Até agora houve mais de 200 crianças que se colocaram no caminho das bombas, e lamentavelmente morreram”.

A invasão é mesmo uma invasão. O contraditório é chamar-lhe “operação especial militar”, e mesmo essa afirmação e outras, são vinculadas todos os dias pelos responsáveis russos, que têm direito ao contraditório em todos os Media portugueses.

As imagens da destruição de milhares de alvos civis não são montagens, são reais. O contraditório corresponde às imagens das escolas, dos jardins de infância, dos hospitais e das casas dos cidadãos ucranianos, antes da guerra. Contrariamente às circunstâncias atuais, todas estas infraestruturas civis estavam intactas e em pleno funcionamento. Numas cuidava-se e educavam-se as crianças, noutras tratava-se dos doentes ou simplesmente vivia-se o quotidiano em paz. O contraditório de vida é morte, e esta é bem real entre os milhares de civis ucranianos.

Os defensores do chamado contraditório e opositores daquilo que chamam de pensamento único, ou não estão completamente informados sobre o verdadeiro significado da palavra, ou então têm uma enorme dificuldade em disfarçar a sua simpatia com a política do Kremlin. A isso junta-se uma convicta amargura pelo fato de viverem em países ocidentais e terem que conviver com tudo aquilo que desprezam sobre a cultura dos mesmos.

O direito ao contraditório que reclamam é o instrumento que pretendem ter, e efetivamente têm para nos fazer crer que algo de contrário existe nesta barbaridade a que assistimos.

Talvez algumas frases proferidas por dirigentes russos sirvam de exemplo para aquilo que é considerado contrário: "A Rússia não quer a guerra nem vai fazer a guerra”; “O exército russo vai retirar das fronteiras da Ucrânia e não vai haver qualquer tipo de invasão”; “Não estão a ser atingidos alvos civis”; "Não foram cometidos crimes de guerra na cidade de Bucha, foi tudo uma encenação"; “O lançamento do míssil que atingiu a estação de comboios foi da autoria dos próprios ucranianos".

Pelo menos durante estes dias sombrios, e para que não nos deixemos enganar, no dicionário de português, ao significado da palavra contraditório, deveria ser acrescentada a palavra “MENTIRA”.

Estes defensores ouviram com certeza a última declaração do Sr. Lavrov.

Disse ele: “A Federação Russa nesta fase da guerra, não vai usar armas nucleares”.

Esperamos todos, que pelo menos neste caso, não haja mesmo espaço ao contraditório.

19.04.22

Um exercício de raciocínio hipotético e utópico, onde imaginamos os habitantes de Ayamonte a invadir o sotavento algarvio, e que de armas apontadas nos sujeitem a um referendo onde teremos que escolher entre nós ou eles, - pode ilustrar o absurdo em si mesmo daquilo que se discute quando um povo vê as suas fronteiras violadas e a sua soberania posta em causa.

Perante um absurdo destes, estou curioso em saber qual seria a opinião e quais as reações por parte daqueles que defendem ou no mínimo tentam dissimuladamente legitimar as constantes invasões, agressões e crimes cometidos pela Federação Russa contra a Ucrânia.

Não sei se iriam legitimar a atitude do estado espanhol ou se pelo contrário iriam deixar crescer dentro de si mesmos um sentimento nacionalista e reagir face à agressão. Perante aquilo que tenho lido, estou convencido que iriam começar a passar férias no Gerês e esquecer isso do Algarve.

Assim como assim, a derrota perante o exército espanhol seria inevitável e como tal a melhor atitude seria a rendição. Quem sabe se não poderíamos ir todos até Vila Real de Santo António celebrar a bendita e desejada paz podre com os nossos novos proprietários. Aí celebraríamos um acordo onde nos comprometeríamos a abdicar da nossa capacidade de defesa territorial. Assim, quando Espanha quisesse avançar pelo Alentejo acima, teria a tarefa facilitada sem que um tiro seque fosse disparado.

Parece absurdo não parece? Pois foi exatamente isso que aconteceu na noite de 27 para 28 de Fevereiro de 2014, onde homens armados e soldados russos sem qualquer insígnia tomaram de assalto os edifícios do Parlamento e do Governo da Crimeia, parte integrante do território ucraniano. Por força de um ocupante estrangeiro, um país que estava em paz, passou a estar em guerra de um dia para o outro.

Depois deste assalto, o regime do Kremlin forçou a realização de um referendo no território da Crimeia para apurar qual a “vontade popular” em relação à soberania do mesmo. Ou se votava pela integração da Crimeia na Federação Russa ou se escolhia a manutenção da soberania ucraniana.

Perante as armas apontadas, os habitantes tiveram a óbvia “escolha” de abdicar da sua soberania, caso contrário teriam fortes possibilidades de ter que abdicar de muito mais do que isso. É esta a tipologia de eleições, referendos e sondagens de opinião que é praticada pela Federação Russa. A farsa e a “legitimidade” dos atos são asseguradas pela pressão das armas.

Estes são fatos históricos, provados e documentados, e só os desmente quem tem um raciocínio toldado por algum sabão bem esfregado, ou que sofreu de algum problema intestinal depois de ter comido um hambúrguer americano, e até hoje amaldiçoa a cultura ocidental.

Tanto a ocupação da Crimeia como a recente invasão são graves violações do direito internacional e constituem sérios crimes contra a soberania de um estado soberano e independente. Ponto final.

Para os defensores do indefensável, o único caminho para a paz é a diplomacia com os dirigentes do Kremlin, leia-se, com Putin, - o que neste caso concreto significa preto no branco, - a Ucrânia abdicar das regiões ocupadas, abdicar da sua defesa nacional e com um jeitinho mais, permitir a instalação em Kiev um governo às ordens do Kremlin.

É esta a solução moral que defendem aqueles que confortavelmente debitam asneiras deste lado do mundo, onde a democracia admite até os não democratas e onde nas ruas se circula em liberdade sem o fantasma da ocupação, da agressão e do assassinato. Onde a soberania, o direito à autodeterminação e à honra, não se entregam de mão beijada. Onde a paz só faz sentido quando é vivida com dignidade.

A estes defensores da paz dos submissos e dos desonrados, não sei o que lhes sobra mais, - se a dita ensaboadela encefálica ou a simples covardia.

18.04.22

Margarita Simonyan, diretora do canal russo RT refere-se aos prisioneiros de guerra ucranianos como “monstros. Veio-me à memória a expressão usada pelos nazis durante o holocausto quando se referiam ao povo judeu: “São sub-humanos, são como ratos”. Segundo esta pérfida personagem são estes “monstros” que irão reconstruir a cidade de Mariupol, num regime de trabalhos forçados. Afirmou ainda que serão “reeducados” para “endireitar as suas cabeças”, ouvindo a rádio e a televisão russas.

É este tipo de discurso que chega ao povo russo pelos meios de comunicação estatais. Nunca saberemos verdadeiramente quantos o aprovam e quantos o desaprovam. Por cá, sabemos quem são aqueles que dissimuladamente aprovam o regime dono deste discurso. Dizem-se defensores da paz, mas são incapazes de apontar o dedo a quem iniciou e de forma alguma quer terminar esta guerra.

Entre eles existem mesmo alguns que são como os relógios de repetição. De cada vez que os confrontamos com a barbaridade desta guerra, argumentam de imediato com a existência de outras guerras no passado, guerras essas onde atuaram forças ocidentais. Perante erros do passado, tudo é justificável no presente.

Haja quem informe esta “jornalista” russa que por aqui, ela terá ao seu dispor alguns fiéis servidores para ajudar na reconstrução de Mariupol, - e nem se terá que preocupar em “reeduca-los”, nem tão pouco obrigá-los a ouvir a rádio e assistir à TV russa para que as suas cabeças sejam “endireitadas”, - essa formatação já está incluída no pacote.

12.04.22

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As linhas vermelhas de que Vladimir Putin fala, representam nada mais, nada menos, do que a antiga cortina de ferro que existiu durante o regime soviético. Países que referenciamos como sendo os países do leste europeu constituíram uma linha imaginária e uma barreira física entre a Europa ocidental e a antiga URSS.

Com a queda do império soviético que Putin considerou ser a maior tragédia geopolítica do século XX, essa linha caiu. Os povos que durante décadas viveram sob o jugo russo, que sob ameaça constante tiveram que abdicar da sua autodeterminação e que sofreram do atraso civilizacional nas suas sociedades, - viram com a queda do regime soviético a sua oportunidade de traçarem o rumo que entendessem para si próprios. Foi uma escolha que fizeram.

Sem essa linha Putin ficou incomodado, e mesmo ainda antes de assumir o poder, já na sua mente se desenhavam planos para contrapor a situação. Na sua conceção, o povo russo não devia de maneira nenhuma, sequer vislumbrar o que significava a vida no ocidente, e reforçava este conceito com uma campanha propagandista da ideia de que do ocidente provinha todo o mal, e dele chegavam todas as ameaças para a Rússia.

Isto aplicava-se ao povo russo, não a ele. Ele, tornou-se proprietário de todos os luxos que o ocidente oferecia, com inúmeros investimentos em países ocidentais. Ao que parecia, ele era imune ao “vírus ocidental”.

Para manter a chamada segurança da Federação Russa, Putin considera perfeitamente natural que haja países que tenham que obrigatoriamente prescindir da sua autodeterminação, da sua autodefesa, senão mesmo da sua soberania, para eles próprios formarem a tal linha defensiva, aquilo que os especialistas chamam de zona tampão.

Há quem defenda que quando a Ucrânia manifestou interesse em aderir à NATO, tal pretensão deveria desde logo ter sido rejeitada pela organização. Ou seja, a Ucrânia estava e pelos vistos continua a estar obrigada a ser uma zona tampão. A incontornável realpolitik dita que haja países soberanos, alguns párias, e ainda os tampões. A segurança de alguns obriga a submissão de outros.

Há quem considere normal e legítimo este imperativo, - e se para tal, for necessário invadir estados soberanos, arrasar cidades inteiras e aniquilar as populações, - existirá sempre o argumento de que os avisos sobre o ultrapassar das linhas, já tinham sido proferidos. Como quem diz: “Eu avisei! Se não obedecerem e não se sujeitarem a cumprir o papel que a vocês está destinado, - eu invado e disparo sobre todos aqueles que se cruzarem no meu caminho, até as crianças”.

Para Putin, a Ucrânia é o último trecho da linha. É estratégica e estava vulnerável. A Ucrânia reúne uma série de fatores que foram decisivos para as atitudes de Putin. Para além das considerações enviesadas e falsas que faz do povo e da cultura ucraniana, o cerne da questão prende-se com a riqueza e com a posição geopolítica do país.

A Ucrânia é um país rico em recursos naturais, grande produtor de alimentos e dispõe de portos de mar de águas temperadas. Portos que lhe permitem manter uma economia sustentada na exportação de bens, assim como garantir o estabelecimento de bases navais onde o tráfico marítimo é garantido durante todo o ano, – ao contrário do que se passa com os portos russos no polo.

Quando a adesão da Ucrânia à UE estava a ser ponderada, soaram os alarmes no Kremlin. Para a debilitada economia russa é indispensável o acesso privilegiado ao mercado ucraniano. É trágico para a Federação Russa que as relações comerciais entre Ucrânia e UE se sobreponham aos seus interesses. A adesão da Ucrânia à UE é para a Federação Russa uma ameaça e uma derrota muito superior do que a questão da adesão à NATO.

Se assim não fosse, Putin já poderia ter saído vitorioso desta “operação militar especial”, com a anuência tanto do Presidente ucraniano, como da própria NATO, no sentido de que a questão da adesão está posta de parte. Em vez disso, sai derrotado com a inevitabilidade da Ucrânia aderir à União e para agravar a sua derrota, países como a Finlândia e a Suécia aceleram desde já a sua adesão à aliança militar.

Para desgosto de uma minoria sem expressão de apoiantes do regime russo, que se estende desde políticos, militares, comentadores e especialistas em “Copy de asneiras/Paste de asneiras”, que naturalmente por ausência de argumentos, recorrem ao vulgar insulto, - esta “operação militar especial” está a ser para Vladimir Putin uma tragédia ainda maior do que a própria queda da URSS.

O que se segue será a resistência da Ucrânia, a carnificina continuada por parte do exército russo, as falsidades do Kremlin, e a azia de Putin. Tragicamente é o povo ucraniano que continuará a pagar com o seu sangue a fatura por ainda continuar ser, a última linha vermelha do Sr. Putin.

11.04.22

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Vladimir Putin quer uma vitória no dia 9 de Maio. Resta saber que vitória é essa.  

Em 24 de Fevereiro procurava uma vitória que lhe colocaria a Ucrânia numa bandeja. 46 dias depois, a bandeja está vazia e a Ucrânia que agora enfrenta é uma nação que apesar de estar em boa parte destruída, se revela, fruto da agressão, muito mais unida do que estava num passado recente.  

Não conseguir derrotar o inimigo e ao mesmo tempo torná-lo ainda mais forte, configura aquilo que poderá ser a maior derrota para o agressor. 

Qual será o tipo de vitória que permitirá a Putin a sobrevivência como líder da Federação Russa? Seja ela qual for, o povo russo será sempre enganado, pois a mensagem para consumo interno, será sempre aquela que ilustrará uma grande vitória. A vitória sobre os nazis ucranianos e a vitória sobre o inimigo ocidental. 

Mais tarde ou mais cedo até o vendado cidadão russo, se irá interrogar porque é que ganharam mais dois vizinhos agora pertencentes à NATO - Suécia e Finlândia, logo ali ao lado de São. Petersburgo… questionará igualmente a razão porque as Repúblicas do Báltico e a Polónia reforçaram substancialmente os seus arsenais.  

Não sei se irão tomar conhecimento de que no país que os via como irmãos, reside agora um povo que os odeia. A culpa vai ser com certeza do inimigo ocidental que armou a Ucrânia. 

Para os dirigentes russos é muito fácil convencer os seus cidadãos de que na Ucrânia não se passa nada para além da libertação do povo ucraniano de todos os males – para isso basta apertar um pouco mais a venda, não vá o povo conseguir um fugaz vislumbre da verdade.  

Complicado vai ser explicar aos russos porque razão para eles, as visitas à Ucrânia serão altamente desaconselháveis nas próximas gerações. 

Seja qual for a vitória do exército russo nesta aventura, e se realmente ela se concretizar, o que Putin vender ao seu povo, será sempre uma mentira. A sua vantagem é que o povo pouco notará a diferença. A mentira tem um efeito dopante, e quando é repetida muitas vezes aos ouvidos dos dopados, parece verdade. 

O que Putin parece não ter ainda entendido é que a guerra que ele iniciou contra a Ucrânia em 2014 ainda não foi por ele vencida. Se nessa data ele enfrentou um exército mal preparado, uma opinião pública mundial distraída e líderes mundiais complacentes, e mesmo assim não conseguiu o domínio completo do leste da Ucrânia; agora, essa vai ser uma tarefa muito mais complicada. Agora, os ucranianos não vão largar mais as armas até expulsarem na totalidade o inimigo do seu território. 

Agora o Kremlin vai ter razão quando afirma que a NATO está a apertar o cerco. Porque será? Será que algum país da NATO invadiu a Federação Russa e como tal reforça agora militarmente os seus aliados com receio de uma retaliação russa? 

Quando em 2014 com a condescendência do mundo inteiro anexou a Crimeia, o erro estratégico de Putin foi não ter aproveitado o momento que lhe foi tão propício, para continuar a ofensiva ladeando o Mar de Azov rumo à conquista da agora cidade mártir, mas não conquistada, Mariupol. Aí, já em plena região de Donetsk, a conquista de todo o Donbass teria todas as condições para acontecer. Seria a continuação do passeio no parque que foi a Crimeia. 

Perdeu então essa oportunidade, como continua agora a perder no terreno, como continuará a perder em toda a linha a Federação Russa – isolada, descredibilizada, enfraquecida e agora, talvez como nunca esteve – rodeada de vizinhos ainda mais armados, ainda mais desconfiados e acima de tudo, decididos a reagir sem hesitações a qualquer tipo de agressão.  

Os passeios tranquilos do Sr. Putin por terras alheias terminaram. 

A Federação Russa nas próximas décadas só encontrará desconfiança e descrédito. E mesmo aqueles que por agora se fazem passar por aliados, irão logo que lhes aprouver, provar que estavam apenas a ser oportunistas. Putin, com a sua postura conseguiu convencer até os seus ditos aliados, que mesmo eles, devem manter a guarda perante a ameaça que ele representa. 

A história tem as suas ironias. Durante a segunda grande guerra mundial, a cidade russa de Leninegrado, esteve cercada pelos exércitos nazis durante cerca de 900 dias. Foi um dos mais longos cercos de todas as guerras e sem dúvida um dos mais destrutivos.  

A vitória final das forças russas só foi possível devido à heroica resistência dos soldados e da população na defesa da sua cidade. Nesses anos sombrios, os aliados tinham a perfeita noção que para vencer o terceiro reich, seria imprescindível ajudar militarmente o exército vermelho e dotar o regime soviético dos meios financeiros necessários para que este pudesse continuar a fazer frente a um inimigo comum.  

Foram os EUA que forneceram essa ajuda. Sem ela, Leninegrado teria certamente capitulado e o curso da guerra teria sido outro. 

Hoje, são os heroicos ucranianos que combatem e resistem a um exército que não é vermelho, mas que veio da mesma Rússia onde um dia existiu uma cidade mártir chamada Leninegrado.  

Hoje, a cidade sitiada chama-se Mariupol, e o povo cercado, mas não rendido, é outro – ironicamente, o país que agora ajuda, é o mesmo. 

09.04.22

Era esperada a posição do PCP face à visita do presidente ucraniano ao parlamento português. Embora tenham perdido alguma coerência, mantêm a previsibilidade.  

Falta coerência na não condenação de um regime que em questões políticas e ideológicas difere totalmente do regime soviético, que ainda inspira e guia os comunistas portugueses; por outro lado, a previsibilidade continua intocável. Tudo o que estiver alinhado com as posições europeias, com a estratégia da NATO ou com a intervenção direta ou indireta dos EUA, o PCP indubitavelmente, está contra. 

O voto contra era garantindo, resta saber qual vai ser a postura quando o presidente ucraniano começar a discursar. Irão os deputados comunistas abandonar o hemiciclo? Dada a extraordinária habilidade do PCP em perder eleitorado, tal iniciativa não seria de estranhar. Talvez optem por se manterem nos seus assentos sem se manifestarem; o que será mais uma prova de incoerência – se manifestaram a sua insatisfação perante a vinda do presidente Zelesnsky ao parlamento, então tornar-se-á incoerente a sua permanência durante o discurso do convidado que rejeitaram. Na prática se assim for, será um ato de cinismo. 

Com a sua ausência no parlamento poupariam desse cinismo todos os presentes, e ao povo português podiam poupar aquele discurso que no passado foi tão magistralmente classificado como, a cassete. Realmente o PCP é tão obsoleto como a velha cassete. A cassete repete aquela ideia maravilhosa de que é necessário alcançar a paz. Como normalmente acontece com os inaptos, a capacidade de apresentar os problemas está muito distante da capacidade para os resolver.  

O PCP quer nos fazer acreditar que a presença do presidente ucraniano no parlamento, é mais uma forma de escalar a guerra e em nada contribui para se alcançar a Paz.  

Todos nós sabemos que os canais de comunicação entre o comité central do PCP e o Kremlin, já não são o que eram desde a queda do muro; mas perante a insistência de que é possível negociar o fim da guerra nas atuais circunstâncias, eu tenho uma esperança que o PCP consiga antes da sua morte anunciada, contribuir para o bem mundial e estabelecer contato direto e privilegiado com as velhas figuras da KGB, hoje FSB, no sentido de se alcançar um entendimento entre as partes beligerantes.  

Aquele entendimento que até agora tão ilustres personalidades não conseguiram mediar. Quem melhor pode fazer esta ponte senão os comunistas portugueses? Últimos bastiões do comunismo na Europa. Afinal de contas são velhas amizades. 

No entanto, essa linha para o Kremlin está com dificuldades de sinal. O melhor que o PCP consegue fazer, é estar contra. Estar a favor de alguma coisa é algo que exigiria uma agilidade ideológica inalcançável por parte dos seus responsáveis.  

Quem na sociedade portuguesa que não faz parte de um pequeno grupo que se dedica a escrever asneiras e depois espalhar Copy/Paste por todo o lado, sabe muito bem qual seria o acordo que o PCP veria com muito bons olhos, e aí sim, votaria a favor - A capitulação incondicional da Ucrânia. Acaba a guerra, tinha-se conseguido a paz. 

Os comunistas portugueses querem nos convencer que eles acreditam, e que nós deveríamos igualmente acreditar, que existe por parte da Federação Russa a mínima intenção de fazer um cessar fogo para poderem começar realmente as conversações que até agora nem sequer tiveram condição de acontecer. Iniciar conversações enquanto as armas não se calam é inconcebível.  

Entretanto, a escala dos acontecimentos transporta para este conflito algo com que nos devíamos certamente preocupar. A intenção do agressor é indesmentivelmente, não parar. Por isso é urgente que o mesmo seja parado. 

E as pessoas se interrogam: Vamos ajudar a Ucrânia ou vamos deixa-los chegar à mesa da capitulação? Depois de terem sido invadidos, martirizados e espoliados de todos seus bens, ainda haja quem creia que também devam entregar o resto. O resto da ruína e da destruição. Perder a soberania dos seus territórios. Entregar a sua honra? E que mais? 

Sendo ao não comunista, cabe o direito a qualquer comum cidadão de se indignar e de se de horrorizar com o que está a acontecer na Ucrânia. E acredito que os militantes do PCP o estejam. 

Não se trata de ideologias, nem de regimes nem de política - trata-se de justiça. Essa deveria ser transversal aos nossos pontos de vista e deveria estar presente nas nossas reflexões e tomadas de posição.  

Nenhuma guerra traz nada de bom, contudo, esta pelo menos veio clarificar quem está do lado da barbárie, da agressão inqualificável e essencialmente da mentira. São os partidos de extrema esquerda e extrema direita que, ou se abstêm ou estão na sua maioria contra a posição do mundo ocidental e democrático face à invasão e aos crimes levados a cabo pela Federação Russa. 

No mundo ocidental as opiniões públicas têm peso, as eleições e as sondagens de opinião não são farsas, como tal, o preço a pagar por quem opta por ficar do lado errado da história será com certeza elevado.  

07.04.22

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O desfecho desta guerra está diretamente relacionado com a capacidade de resistência do exército ucraniano e com o suporte que receber. 

Quanto maior for a resistência, mais se prolongará a guerra. Desde o início das negociações que o resultado das mesmas tem sido nulo. Creio que uma evolução positiva neste momento está mais comprometida. As imagens e os relatos não deixam dúvidas a ninguém: com a aquele tipo de gente, é muito difícil negociar seja o que for. 

Quando o fizer, o Kremlin, negociará o que restar de uma Ucraniana em ruínas. Tanto no avanço como no retrocesso, as topas russas deixam um rastro de destruição. O que não conseguem obter, destroem. Aquilo que não for conquistado tem ordens claras para ser destruído. Foi assim no Ocidente do país, e assim será no Leste. Os despojos finais serão acertados quando Putin entender. Se a isso for permitido. 

Putin enquanto não for travado não vai abdicar dos seus objetivos, mesmo porque até agora falhou todos – e porque os ucranianos muito honrada e bravamente vão continuar a resistir, e agora moralizados. Isto é determinante no curso futuro desta guerra. 

Com este novo ciclo do conflito já a decorrer, é o tempo em que os aliados da Ucrânia vão ter também que acompanhar o novo rumo dos acontecimentos. Uma intervenção mais musculada no apoio ao exército ucraniano, é indispensável para que este esteja em condições de impedir que a Federação Russa tome posse de todo o leste da Ucraniana, bem como de toda a região e portos do sul. 

É com esta inevitabilidade que o ocidente vai ter que encarar esta encruzilhada. De forma alguma neste momento os ucranianos aceitam uma capitulação – ou os deixamos à morte perante o exército russo, ou os ajudamos com a força necessária. 

Miseravelmente, por vezes para obter a Paz é preciso fazer a guerra. E neste caso todas as tentativas para alcançar a Paz foram realizadas. Perante um agressor que não tem sequer a decência de fazer um cessar fogo, e que mesmo com o desenrolar das negociações, continua a ofensiva, é muito difícil para quem se defende não resistir e não ripostar. É uma questão de sobrevivência; é a realidade crua do campo de batalha onde até os corredores humanitários são deliberadamente bombardeados, para as mentiras das salas de conversações.  

E nesta guerra não importa apenas o território que se ganha ou que se perde - ou de quem vai sair vitorioso ou derrotado. Em pleno século XXI, temos a barbaridade de Bucha, temos os milhares de alvos civis prioritariamente atingidos e os milhares de vítimas entre a população que tem vivido um inferno sem que haja sequer a humanidade por parte do invasor em proporcionar salvo conduta a todos os civis para abandonarem o campo de batalha. 

São todos estes acontecimentos que nos colocam a seguinte questão: Vamos continuar a permitir ou vamos ainda esperar pelas imagens da próxima cidade ucraniana libertada? Não se trata só de entregar ou não mais um pedaço da Ucrânia a Putin – o que temos que lhe apresentar é uma fatura para ele pagar independentemente do desfecho do conflito. 

A questão da Ucrânia não entrar na NATO já se encontra resolvida, e este facto só vem contribuir para o raciocínio de que esse argumento não bastava a Moscovo. Era preciso tomar posse da Ucrânia. E para isso, Kiev tinha que cair. Só que o caminho até lá foi muito penoso para o exército russo. Com isso, Moscovo não consegue derrubar o governo de Zelensky.  

Perante uma indesmentível derrota militar, o exército russo recua e abandona objetivos estratégicos como é o caso de um aeroporto ainda operacional. Para alguns especialistas tratou-se de uma retirada estratégica.  

Para mim foi o abandonar às mãos do inimigo de territórios previamente conquistados, e debaixo de pesadas baixas. Agora o objetivo é “só” o Donbass e todo o Sul. Entretanto um objetivo primordial tem vindo a ser alcançado: Quanto mais destruição melhor. Estratégia de medio longo prazo para enfraquecer cada vez mais a Ucrânia, pois esta agressão pode muito bem não vir a ser a última. 

Por isso mesmo, estes 43 dias não podem ficar impunes, e os próximos não podem ser de maneira nenhuma favoráveis à Rússia. 

06.04.22

O antigo presidente da Federação Russa Dmitry Medvedev, afirmou que o objetivo da Rússia era criar uma Eurásia desde Lisboa a Vladivostok. 

Só um russo é que consegue formular este tipo de pensamento. Nem mesmo Alexandre o grande ou Gengis Khan, se atreveram a tanto.

Boa parte do povo russo valoriza essencialmente o tamanho em detrimento do valor. A Federação Russa é o maior país do mundo, mas tem um PIB inferior ao de Espanha. Considerando que a Federação Russa é cerca de 35 vezes maior que a Espanha, podemos claramente concluir que os russos no geral, acham que o tamanho conta. 

Para este Sr. Medvedev, que nos cargos políticos tem vindo a fazer parte de um sistema de alterne com Vladimir Putin, parece que o tamanho atual ainda não dá conta da coisa. Parece também que com este tipo de declaração, começa a piscar o olho ao povo russo no sentido de voltar a ser o próximo presidente do país.  

O povo russo é formatado para grandes tiranos, objetivos megalómanos e glória eterna à sua Pátria. Pode não ter nem liberdade nem pão, mas que haja glória. 

Para nós ocidentais, este tipo de raciocínio é visto como algo disparatado e como tal, encarado com descrédito e por vezes com alguma leviandade. Seria importante perceber que eles não são como nós, não pensam como nós e certamente não agem como nós.  

Essa ideia que somos todos iguais é um disparate. Somos todos bem diferentes, e ainda bem que assim é, pois é na diversidade que reside o grande potencial da espécie humana. O que tem que ser igual são os direitos, os deveres e as oportunidades.  

Esta ideia da grande Eurásia sob o domínio russo já é antiga, e pelos vistos continua a preencher as mentes de quem manda na Rússia, e também certamente de alguns que apenas obedecem. Sendo um país com 140 milhões de habitantes, qualquer minoria com ideias tristes, é certamente uma enorme multidão potencial causadora de sérios problemas – e com líderes destes, o cenário para a asneira está montado. Os acontecimentos das últimas semanas estão a convencer disso mesmo até os mais céticos. 

Já passaram mais de 80 anos desde que o mundo livre se confrontou com estas circunstâncias. Nessa altura foi indispensável a intervenção dos EUA para libertar a Europa do terror nazi.  

Quer se goste deles ou não, quer concordemos ou não, que por eles vários erros são cometidos, o que é certo é que da última vez que a coisa apertou para nós os europeus, foram os EUA que nos salvaram a pele. São factos incontornáveis. Pagámos um preço por isso? Com certeza. Nada é de graça, muito menos as dívidas de guerra. O que ninguém tem dúvidas é que o preço cobrado seria muito maior se o cobrador tivesse sido outro. 

Como tal, é muito importante, indispensável mesmo, que a Europa reveja totalmente a sua política de defesa.  

Neste momento a NATO é basicamente os EUA – e essa é uma realidade que tem que vir a ser gradualmente alterada. Não podemos deixar eternamente a nossa segurança nas mãos de terceiros – mesmo porque não sabemos até que ponto é que haverá sempre disponibilidade dos mesmos para nos defender.  

Donald Tump já afirmou que se ele estivesse na presidência, esta guerra nem teria começado. A este tipo de bazófias já todos nos habituámos, fica a questão: Com ele na presidência, qual seria a resposta dos EUA perante um ataque da Federação Russa a solo da Europa ocidental? 

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