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A Política somos nós

A Política somos nós

30.03.22

Emmanuel Macron falou com Putin. Nem sequer conseguiu o estabelecimento de um corredor humanitário em Mariupol. Mais nulo era impossível. Foi informado de que tal só seria possível se os ucranianos que resistem dentro da cidade, depusessem as armas. A conclusão é óbvia: Enquanto não houver rendição, os civis vão continuar a ser massacrados, a morrer de fome e à sede, encurralados que nem animais dentro de caves.

É com este tipo de indivíduo, (a palavra gente não é adequada), que o ocidente na pessoa do presidente francês, está a estabelecer contatos para alcançar a paz.

A mentira e a falsidade são próprias dos bandidos. Foi por isso que Putin mentiu quando afirmou que apesar de ter milhares de tropas concentradas na fronteira com a Ucrânia, não iria invadir o país; mentiu quando afirmou que o objetivo da sua “operação militar especial”, era para impor o compromisso à Ucrânia da não adesão à NATO; se tal fosse verdade, a guerra já tinha acabado à duas semanas, pois o presidente Zelensky já concordou com o mesmo; mentiu quando falou numa “desnazificação” da Ucrânia – esse é um assunto que já nem é abordado nas reuniões entre os dois países – Ou os russos já mataram todos os nazis em solo ucraniano, ou então o argumento era claramente falso.

Deve ter sido por entender perfeitamente que conversas com mentirosos compulsivos só resultam em enganos e consequentemente em perda de tempo, que o Presidente Biden se referiu a Putin como um sínico sem nenhuma credibilidade. Biden fez aquilo que os líderes europeus já deviam ter feito há muito tempo: Colocar Putin no lugar onde só existe falsidade, irresponsabilidade e descrédito. E foi exatamente por ter isto em consideração, que o presidente americano afirmou que tal indivíduo não devia ocupar o lugar que ocupa.

Os líderes europeus ficaram muito incomodados com tal afirmação. O presidente Macron quase que ligou para o Kremlin a pedir desculpa pela atitude de Biden. Talvez ache aconselhável que à frente dos destinos de uma nação como a Federação Russa, detentora do maior arsenal nuclear do planeta, esteja um assassino sem escrúpulos que se acha no direito de martirizar um povo inocente, e ainda ameace a comunidade internacional com o uso de armas nucleares.

Não são só os russos que merecem um melhor presidente, o mundo inteiro precisa urgentemente que este seja afastado definitivamente do seu cargo. As grandes ameaças devem ser encaradas como grandes problemas e os grandes problemas precisam de eficazes soluções. Se o governo da Federação Russa incomodasse unicamente o seu povo, seria certamente um problema a ser resolvido por esse mesmo povo. O problema é que o governo em causa, viola todas as regras do direito internacional, e como tal, esse é um problema que exige séria abordagem de todos os países.

Se estas negociações tiverem êxito nos moldes em que se apresentam, Putin sairá como perfeito derrotado. Nessa media, considero altamente improvável que tal acordo seja alcançado.

O estatuto da Crimeia fica inalterado face ao existente, será um tema para debater nos próximos 15 anos. Putin não fez o que fez para deixar o assunto da Crimeia para daqui a 15 anos.

Em relação à região do Donbass, o governo ucraniano não abdica da soberania dos territórios e exige um acordo de compromisso por parte de vários países em como a segurança e soberania da Ucrânia seja garantida pelos signatários. Considerando que a maioria destes países fazem parte da NATO, seria como ter uma “mini NATO” a defender a Ucrânia de futuras agressões externas. Se Putin não quer a Ucrânia na NATO, naturalmente não vai admitir intervenções de países da NATO em solo ucraniano. E a região do Donbass é para ser anexada assim como foi a Crimeia, bem como garantir uma ligação territorial via Mariupol.

Nestes termos, Putin só alcançaria o compromisso por parte da Ucrânia de não vir a pertencer à NATO, e como tal ser um país neutro, sem armas nucleares e sem a presença de bases estrangeiras no seu território. É muito pouco para quem considera que o país Ucrânia não existe e que o povo ucraniano é apenas parte do povo russo.

Depois de levar 130.000 homens para a guerra, depois das enormes perdas humanas e materiais e de ter isolado completamente o seu país, Putin perderia totalmente a face perante o povo russo e perante as elites da Federação Russa. Era o seu fim político. Para ele está fora de questão. E para verbalizar esta posição, atenda-se à resposta por ele dada a uma mensagem do presidente Zelensky: “Vamos esmagá-los”.

Enquanto as conversas continuam, o grande perdedor é sem dúvida o povo ucraniano. Qualquer que seja o acordo alcançado, não ressuscitará os mortos, não apagará os traumas e nunca fará esquecer o sofrimento de milhões de inocentes.

Que outro acordo se estabeleça, aquele onde o ocidente se comprometa em obrigar a Federação Russa a pagar muito caro pela barbaridade que depois de 35 dias ainda continua a cometer.

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