18.03.22
Vladimir Putin já fala de "purificação do povo russo”.
Se alguém ainda tem dúvidas sobre o carácter deste individuo, ele próprio faz o favor de as desfazer. Se a próxima frase for: "reunificar a raça eslava", não será nada que me surpreenda.
A sua passagem pela cidade de Dresden na antiga RDA, ao serviço da ex-KGB foi, com certeza, muito útil para se instruir e se inspirar nas técnicas de manipulação das consciências e de propaganda da Stasi, antiga polícia secreta da Alemanha oriental cuja escola foi a própria Gestapo nazi.
Avaliar e medir a real posição do povo russo em relação à política do Kremlin, é algo muito difícil de fazer. Dos 140 milhões de russos, quantos são os convictamente apoiantes do regime? Os declaradamente opositores, são poucos e seguramente uma boa parte já se encontra fora do território russo. E aqueles que se mantêm calados? Certamente são muitos. Mantêm o silêncio para preservar a vida.
Entre apoiantes e silenciosos se forma a grande amálgama de aquilo que se pode chamar de "sonâmbulos”. Experienciam uma realidade artificial. Sem acesso a meios de comunicação social livres, sem acesso à informação vinda do estrangeiro, vivem intoxicados pela propaganda estatal. Nada de novo na história da Rússia. No tempo do império soviético a estratégia adotada pelo regime para manter as massas dóceis perante a opressão, era manter a população continuamente embriagada. “Com a ajuda do álcool, tentavam cortar a língua de críticos em potencial”, escreveu o historiador russo W. V. Pokhlióbkin.
É neste grupo de desinformados e ludibriados que reside o futuro da sociedade russa. Vão ser eles que farão pender a balança. Resta saber para que lado. E esse desfecho está diretamente relacionado com o a última novidade no discurso de Putin: "purificação do povo russo”. Os que penderem para o lado da “purificação”, serão aclamados como heróis do povo; os que se mantiverem “impuros”, serão nas palavras do seu presidente: "cuspidos como uma mosca que se mete entre os lábios". Nem Josef Stalin conseguiu ser tão explicito para justificar o extermínio de milhões de russos que ele entendeu como sendo uma ameaça ao seu governo, mas essencialmente a ele. A já referida fobia dos tiranos.
Portanto, nos anos mais próximos, a generalidade do povo russo para além de enfrentar a falência, arrisca-se também a ser “cuspida” como se de um inseto se tratasse.
Por ordem do cuspidor do Kremlin, as imagens da Ucrânia não podem de maneira nenhuma chegar aos olhos dos russos. Com certeza para impedir que eles se inspirem na coragem do povo ucraniano para resistir à tirania e lutar pela sua liberdade. Não haveria "purificação” que chegasse para tanta coragem.