14.03.22
Rússia, o maior país do mundo. Mais de 17 milhões de Km. quadrados; faz fronteira com 16 países; abrange 11 fusos horários; 142 milhões de habitantes; 160 grupos étnicos; 100 idiomas. É dividida em 83 partes das quais: 46 são províncias e 21 são repúblicas. A Rússia é um Estado multiétnico, multiconfessional e transcontinental.
Como diz o ditado: Quanto maior é o barco maior é a tormenta, e sem dúvida, que ao longo da sua histórica de 15 séculos, a tormenta raramente deu lugar à bonança.
Há quem defenda a ideia de que a Rússia devido ao seu gigantismo, complexidade étnica e principalmente pelo seu legado de líderes tiranos e opressores, nunca poderá ser uma democracia.
A democracia não se exporta nem se impõe, a democracia conquista-se quando é esse o desejo dos povos. Talvez a razão porque a Rússia nunca foi nem será uma democracia, resida no facto de que o seu povo não saiba, não queira, ou simplesmente não consiga viver em democracia.
Essa é uma questão que deverá ser inteiramente da responsabilidade do povo russo. O conceito de democracia tem na sua essência o respeito pelas ideias dos outros, mas não nos obriga a abdicarmos do direito ao respeito pelos nossos valores. Se o povo russo elege líderes que não sabem ou não querem respeitar quem não partilha dos seus valores, então terá que pagar um preço por isso.
Putin, a Federação Russa e o povo têm que obrigatoriamente pagar severamente pela bárbara agressão ao povo ucraniano. Se o mundo livre deixar passar impune esta agressão, então os seus valores serão igualmente vítimas.
Nem é necessário explicar o que seria o resultado de um confronto entre a forças da NATO e a Federação Russa. Não é apenas a última opção, seria certamente o fim do planeta como nós o conhecemos. Contudo isso não significa, que tenhamos que ficar forçosamente reféns de Putin.
O regime russo tem incontornavelmente que cair, e vai ter que cair internamente. A escalada da guerra levada a cabo pela Rússia terá que ser suplantada pelas sanções e pelo crescente apoio militar e humanitário por parte da Europa e do resto do mundo livre à Ucrânia. Exige-se a sabotagem total da sociedade russa. Quando o governo russo não tiver dinheiro para alimentar a sua máquina de guerra, quando as forças de segurança não receberem, quando o povo russo sofrer diretamente na pele os efeitos da política dos seus líderes, e quando o caos se instalar nas ruas da Rússia, o regime russo estará realmente em risco.
O avanço da ofensiva militar tem como principal objetivo dividir o território ucraniano. A conquista de toda a região a leste do rio Dnieper está em marcha desde o norte até ao sul, garantido o domínio total das margens do mar de Azov e do mar Negro. É uma enorme fatia do território ucraniano que passará para o controlo da Federação Russa. Em seguida será posta em andamento a ação de “colonização” por populações russas nestes novos territórios. Exatamente o mesmo que aconteceu em Donetsk e Lugansk.
A Europa encontra-se numa encruzilhada: Ou se encolhe e permite o metódico fatiamento por parte da Federação Russa aos territórios dos países fronteiriços; ou reage de forma cada vez mais enérgica com o objetivo de fazer cair não apenas Putin, mas todo o regime russo. Regime este que se revelou ser uma série ameaça à paz na Europa.
Também o povo russo está numa encruzilhada: Tem uma nova oportunidade histórica: Viva como bem entender, escolha os seus líderes, assuma as consequências disso, mas acima de tudo, deixe os outros em paz.