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A Política somos nós

A Política somos nós

12.03.22

Banalizou-se a ideia de que Puti é um louco irracional. Pelo contrário – nem é louco nem é irracional, Puti é essencialmente um oportunista.

Durante as últimas duas décadas acumulou os meios financeiros suficientes para renovar e fortalecer consideravelmente os seus exércitos, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de novos tipos de armas de alta tecnologia e de enorme efeito destrutivo.

Encorajado com os sucessos militares nas campanhas da Geórgia, da Crimeia e da Síria, convencido do declínio americano, da falta de convergência da UE e acima de tudo desfrutando da inocência das potências ocidentais no que diz respeito à avaliação que fizeram do seu caráter e ambição; Puti não tem dúvidas de que este é o tempo certo de atacar. Esta é a sua oportunidade histórica para pôr em marcha no terreno o seu megalômano plano de recuperar o antigo império russo do seu ídolo inspirador – Pedro o Grande.

Pode parecer uma análise romantizada, mas infelizmente é a perfeita realidade. A questão do momento é saber se Puti se dará por satisfeito com a conquista da Ucrânia. Acredito que a questão passa mais por saber se as nações ocidentais o vão conseguir parar. Se as atrocidades que estão neste momento a decorrer na Ucrânia, onde a Rússia está a violar todas as regras da ordem internacional ficarem impunes, então ele não vai parar.

E as consequências irão muito para além de todo o sofrimento do povo ucraniano. Deixar na impunidade esta política de arrogância e de agressão, abrirá perigosos precedentes a serem explorados por outras potências autocratas e belicistas como são os casos da China, da Coreia do Norte e do Irão.

Também é este o tempo certo para o mundo democrata, pluralista e defensor dos direitos humanos, marcar uma posição de força e de união face à ameaça aos nossos valores civilizacionais. Nunca a diplomacia deverá ser excluída como solução para os conflitos, o que tem que ser colocado de parte é a inocência e a complacência.

O que Puti pretende é ver ressuscitada a velha cortina de ferro, onde uma série de países localizados entre as fronteiras do território russo e a Europa Ocidental, possam à custa da sua soberania e autodeterminação, garantir uma zona de conforto e de influência russa. A Bielorrússia já está; a Ucrânia está em marcha e a Moldávia está certamente na lista.

Com um território gigantesco, é estrategicamente indispensável ter vários acessos aos oceanos. O domínio do ártico garantido não era suficiente pois trata-se de águas geladas de difícil navegação para a frota russa - juntou-se então o acesso privilegiado ao mediterrâneo com a anexação da península da Crimeia - fica a faltar o Báltico. Espero que não sobre inocência para acreditar que as três repúblicas estão a salvo pelo facto de pertencerem à NATO.

12.03.22

A persona non grata do momento chama-se Vladimir Putin – contudo, desengane-se quem acredita que Putin está sozinho nesta campanha de terror.

Do seu lado existe uma corte de fiéis lacaios.

Ex-agentes da antiga KGB, Ex-agentes do atual Serviço Federal de Segurança (FSB). Generais que comandaram operações nas guerras de Putin. Agentes responsáveis pelo envenenamento de Sergei Skripal um ex-agente russo e de Alexei Navalny dissidente do regime. E ainda um pequeno exército particular responsável pela segurança pessoal de Putin, que é comandado por um ex-guarda-costas do presidente.

É este o grupo nada recomendável que acompanha Vladimir Putin, alguns deles, desde o tempo da ex-URSS. Todos eles são responsáveis pelas chacinas de Grosny na Chechênia e de Alepo na Síria. Todos eles envolvidos nas anexações da Geórgia e da Crimeia. São estes que amordaçam o povo russo, perseguem, torturam e matam todos aqueles que corajosamente lhes fazem frente.

Foram os mesmos que planearam e comandam esta guerra. Todos os misseis, bombas e metralha que atingem escolas, infantários, maternidades e bairros inteiros, trazem um nome gravado - a corte de Vladimir Putin.

Uma corte de assassinos que mantêm o mundo em suspenso perante o holocausto nuclear. Não basta derrubar Putin, é indispensável não ignorar a sua corte de morte.

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